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Sonho de bamba vira realidade em trens cariocas

Conheça a história de Marquinhos de Oswaldo Cruz, que criou uma iniciativa cultural para homenagear sambistas que viajavam nos trens do Rio de Janeiro

Por Abril Branded Content
Atualizado em 24 fev 2017, 11h03 - Publicado em 22 fev 2017, 15h08

O sonho de Marquinhos de Oswaldo Cruz, sambista, cantor e compositor, era preservar os bens culturais imateriais do seu bairro do coração, berço da Portela. “Em Oswaldo Cruz, tudo gira em torno do samba”, diz ele. “Saíram daqui grandes composições como Preciso me Encontrar, Quantas Lágrimas, Saco de Feijão, Vivo Isolado no Mundo, Esta Melodia, Coração em Desalinho”, lembra, cantarolando e cheio de orgulho.

Marquinhos sonhava em homenagear de alguma forma os grandes sambistas do Rio de Janeiro que cruzavam a cidade pelas ferrovias para entrar nas rodas de samba da zona norte. “O trem sempre fez parte da minha vida”, diz. “Nasci em Madureira, uma vila ferroviária; meus avós eram ferroviários; durante a infância toda, eu via os vagões ficando coloridos perto do Carnaval, quando as pessoas iam batucando”, conta. “Era uma época triste, de muito sofrimento e repressão, mas a música era a alegria.”

Foi no Carnaval de 1974, aos 12 anos, que o então Marcos Sampaio de Alcântara se mudou para Oswaldo Cruz e adotou o novo nome em homenagem ao bairro. Lá, o contato frequente com os grandes sambistas só fez aumentar a sua paixão pela música e pela história do bairro. Em 1991, ele se tornou cantor e compositor. Nesse mesmo período, percebeu que a tradição local estava se apagando. “Ninguém mais falava em Oswaldo Cruz, nem a Portela”, diz.

Certo de que aquela memória não poderia se perder e inspirado pela vontade que sempre teve de tocar no trem, Marquinhos decidiu comemorar o Dia Nacional do Samba dentro de um vagão. “Foi assim que nasceu o Trem do Samba, no dia 2 de dezembro de 1996”, afirma. A ideia era refazer o trajeto em que sambistas como Paulo da Portela se reuniam na volta para casa, da Central do Brasil até Oswaldo Cruz, cantando e tocando nos trens.

Na estreia, o evento ocupou apenas um vagão. Hoje, a comemoração anual é realizada em toda a composição e reúne 100 000 pessoas, que trocam 1 quilo de alimento não perecível por um ingresso ou compram uma passagem diretamente nas bilheterias para entrar no Trem do Samba.

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Nesses 20 anos, não foi apenas o número de participantes que cresceu. O palco dos sambistas também foi aprimorado. “Em 2002, nós inauguramos o ‘geladão’, primeiro trem com ar-condicionado da linha”, lembra. Hoje, são 140 “geladões” na SuperVia, responsável pela operação do serviço de trens urbanos na região metropolitana do Rio de Janeiro, que transporta 700 000 passageiros por dia. “A viagem também ficou muito mais rápida.”

O Trem do Samba tem trilha sonora própria, que acolhe samba de raiz, partido-alto, samba de terreiro, samba de roda e samba-enredo. “Esse festival de excelência é o condutor da memória do bairro”, afirma Marquinhos. “Não abro mão de recriar essa história toda porque só assim as belezas e os bens imateriais se tornam latentes”, diz. Para ele, é como se cada evento promovesse uma oxigenação da memória coletiva. E você, tem um sonho para compartilhar hoje?

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