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A inflação da Copa

Já se sabe o preço de um quarto de hotel durante a competição: será uma fortuna

Por Caio Werneck e Lais Botelho
Atualizado em 5 jun 2017, 13h49 - Publicado em 18 set 2013, 14h30

Quanto estará custando a ponte aérea entre Rio e São Paulo durante a Copa do Mundo no ano que vem? As empresas de aviação não têm cifras fechadas. Seguindo o mesmo raciocínio, de que tamanho serão os cifrões dos cardápios de Ipanema na semana da final? Não há como prever, hoje, o preço da lagosta ao thermidor que será servida nas melhores mesas da orla em julho de 2014. Alheio a esse tipo de especulação, há um setor da economia que, antes de todos os outros, já cravou, com precisão de centavos, a parte que lhe cabe na divisão de lucros do maior evento de futebol do planeta: a hotelaria.

Com calculadora na mão, VEJA RIO apurou o valor do pernoite, hoje e no Mundial, em alguns dos mais conhecidos hotéis do Rio. Ouvindo vinte estabelecimentos que já fixaram suas diárias, chegou-se à lista abaixo (ressalte-se que o Copacabana Palace afirmou que ainda está aplicando, para o ano que vem, as mesmas tarifas de hoje, constituindo-se numa exceção entre os cinco-estrelas). Assim, a bandeira Windsor fez a dobradinha nesse pódio da inflação desenfreada. A Zona Sul papou os cinco primeiros lugares, mas a Zona Oeste e o Centro também devem cobrar tarifas elevadíssimas nos dias do torneio.

Cidades que sediam competições desse naipe costumam mesmo supervalorizar as diárias. Só que estamos exagerando. Em Berlim, na Copa de 2006, a média era de 300 dólares. Quatro anos depois, na menos badalada Joannesburgo, pagavam-se 200 dólares para dormir num hotel. Um estudo da Embratur sobre o Rio levou a uma projeção de 460 dólares ? em torno de 1 000 reais ? para a média de preços em 2014.

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Durante a conferência Rio+20, no ano passado, foi preciso intervenção federal para que os preços da hotelaria caíssem um pouco. Porém, em relação à Copa do Mundo, por enquanto nada se falou nesse sentido. Secretário de Turismo do município, Antônio Pedro Figueira de Mello diz que, na esfera pública, não há o que fazer: “Nosso objetivo é fomentar a vinda de turistas, e não regular preços”.

Executivos do ramo tentam analisar o fenômeno. Fala-se de oportunidade, mas também de ganância. Alexandre Sampaio, da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, considera os aumentos “plausíveis”. “É que, diferentemente de Carnaval e Réveillon, trata-se de um evento privado”, compara. Alfredo Lopes, do Rio Convention & Visitors Bureau, lembra que os preços na Copa de 2010 estavam abusivos e que, faltando dez dias para a abertura, agências ligadas à Fifa liberaram 5 000 vagas, surgindo promoções de última hora. “Pode ocorrer também no Rio”, aposta, otimista, enquanto recorda que, na África do Sul, ele próprio, em vez de pagar hotel, achou mais em conta alugar um apartamento.

Mas o pior é que, no caso carioca, essa estratégia não é sinônimo de garantia de bom negócio para quem estiver procurando um lugarzinho de pouso por aqui. As pessoas que têm por hábito locar imóveis de temporada também estão pensando grande. O geólogo Adriano Viana em geral pede 3?500 reais mensais por seu apartamento de dois quartos no Leblon. “Talvez dobre na Copa”, diz. O músico Marcelo Bomfim, do Flamengo, vai triplicar os atuais 50 dólares que cobra, por dia, pelo aluguel de um aposento. E mesmo assim tem fila de espera. “Acabo de fazer a reserva para um casal da Indonésia”, conta. Que o Rio seja leve, já que os hotéis estão pesados, para nossos visitantes.

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