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Peça Tom na Fazenda completa 1 ano em cartaz nos palcos cariocas

Com 11 000 espectadores conquistados e agenda até dezembro, espetáculo é o fenômeno da vez

Por Renata Magalhães
Atualizado em 6 abr 2018, 07h00 - Publicado em 6 abr 2018, 07h00
Elenco afinado: Camila Nhary, Armando Babaioff, Kelzy Ecard e Gustavo Rodrigues dividem aplausos e prêmios (JOSÉ LIMONGI/Divulgação)

Em 2017, Armando Babaioff estava em cena no dia do seu aniversário — o.k., acontece, afinal ele é ator e, naquela data querida, trabalhava duro no palco do Oi Futuro Flamengo. A coincidência se repetiu em 2018, no Teatro Cesgranrio, quando o artista completou 37 anos. Feito um pouco mais raro, convenhamos. Mas o que de fato parece mentira é o seguinte: nos dois últimos 1º de abril, dia de seu nascimento, Babaioff estava atuando na mesma peça. Tom na Fazenda estreou em 24 de março de 2017 e não saiu mais de cartaz. Além das duas salas já citadas, passou pelos teatros Sesi Centro, Poeirinha e Dulcina. No sábado (14), ocupa o Teatro do Leblon, com a temporada prevista inicialmente para dois meses renovável até novembro. Antes, é aguardada no Festival de Curitiba, nestes sábado e domingo. Depois, do fim de maio a 4 de junho, estão confirmadas sessões no Festival TransAmériques, em Montreal, Canadá. E, não perca a conta, o Teatro João Caetano está reservado entre 6 e 16 de dezembro.

No circuito teatral carioca, abalado por notícias de patrocínio e público rarefeitos, além de palcos fechados — ou destruídos, como o Villa-Lobos —, produtores soltam rojões quando uma montagem ultrapassa quatro semanas em cartaz. Há mais de um ano com casa cheia, com 11 000 espectadores conquistados e agenda até dezembro, Tom na Fazenda é o fenômeno da vez. O texto do canadense Michel Marc Bouchard foi adaptado para o cinema em 2013 por seu conterrâneo Xavier Dolan. Rosto conhecido na TV, Armando Babaioff viu o filme e encantou-se. Comprou os direitos sobre a obra, traduziu-a para o português e produziu o espetáculo dirigido por Rodrigo Portella. Na trama, Tom (Babaioff) viaja até a cidade natal de seu namorado, recém-falecido. Lá, descobre que os familiares não sabiam da homossexualidade do herdeiro nem da existência de um companheiro. Alimentado por intolerância, o conflito entre os personagens é inevitável. Os embates de Tom com o irmão do morto (Gustavo Vaz é o titular do papel, também interpretado por Gustavo Rodrigues) descambam em momentos impressionantes de luta corporal — Babaioff colecionou, até agora, duas hérnias, uma torção no joelho e duas fissuras nos dentes.

Kelzy Ecard (como a mãe do falecido) e Camila Nhary (uma suposta namorada dele) completam o elogiado elenco, laureado nos prêmios Shell e Cesgranrio. Diretor da TV Globo, Dennis Carvalho, uma das celebridades presentes na plateia, assistiu a duas sessões. Impactado, convidou Kelzy e Babaioff para o elenco de Segundo Sol, novela das 9, com texto de João Emanuel Carneiro, em fase de produção. “A atmosfera criada faz a gente prender a respiração até os minutos finais. Somam-se a isso o texto incrível e interpretações impecáveis. Não tem como não se impressionar”, opina o diretor. Armando Babaioff tinha fé nas virtudes da história, mas não esperava um estouro. Em razão do tema abordado, ele acredita,
a produção só conseguiu patrocínio na temporada inicial, no Oi Futuro. A salvação financeira veio da boa resposta de público nas 120 sessões já realizadas. “A peça não é panfletária. Existe mais para levantar questões do que para respondê-las”, diz ele, que já está traduzindo outra peça do mesmo autor: Le Chemin des Passes Dangereuses. Isso não significa, no entanto, o fim da linha para Tom na Fazenda. “Enquanto tiver joelho, vou seguir com a peça”, garante o ator. Corre o risco de festejar o aniversário em cena mais uma vez. ß

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Opinião de especialista
Cinco atores contam o que acharam do espetáculo

Mariana Ximenes: “Está tudo em harmonia: texto afiadíssimo e inteligente, figurino e luz servindo maravilhosamente bem à história, além de cenário impressionante. Os atores estão extraordinários, fazem um jogo cênico lindo. A encenação hipnotiza!”

Caco Ciocler: “Dirigi o Armando Babaioff e o Gustavo Vaz na peça Na Solidão dos Campos de Algodão. Então, quando a luz se
apagou, antes de Tom na Fazenda, eu estava muito nervoso. Fiquei muito feliz, sinto que o jogo deles atingiu um estado
que a gente buscou tanto naquele processo.”

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Renata Sorrah: “Lembro perfeitamente da minha sensação. Fiquei encantada, é um espetáculo harmonioso. Tudo é excelente:
dos atores à direção, passando pelo cenário, pela iluminação e pelos figurinos. O resultado é esse tempo todo em cartaz, é
o interesse do público.”

Guida Viana: “Tudo se casa de forma bastante única: o texto contemporâneo, o elenco ótimo e muito bem dirigido, o cenário, que reforça a potência dramatúrgica, iluminação e figurino impecáveis. As particularidades da peça se complementam em um equilíbrio perfeito que poucas vezes acontece.”

Vera Holtz: “Chama atenção esse deslocamento das emoções. Os personagens surpreendem, parecem se diluir naquela
lama cenográfica para se remodelar. Aquela realidade avassaladora te prende para saber até onde aquilo vai chegar. Ainda que haja violência, como na cena da briga, o que pontua tudo é o amor.”

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