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Estética da mordaça

A Caixa Cultural exibe filmes de dois cineastas do Irã perseguidos em seu país

Por Carolina Barbosa
Atualizado em 5 dez 2016, 14h27 - Publicado em 20 Maio 2013, 18h53

Em dezembro de 2010, os premiados diretores iranianos Mohammad Rasoulof e Jafar Panahi foram julgados e sentenciados a seis anos de prisão por, segundo as autoridades, terem feito propaganda contra o país – condenação que tem sido questionada no mundo inteiro. A partir de terça (21), a Caixa Cultural promove a mostra Mohammad Rasoulof e Jafar Panahi: Cineastas Iranianos. Trata-se de uma seleção de doze produções da dupla que refletem a sociedade do Irã e suas contradições. Entre as atrações, Isto Não É um Filme (2010), de Panahi e Motjaba Mirtahmasb, sobre a prisão domiciliar do autor, ganha sessão na quinta (23), às 17h30. Na terça (21), às 19h, o destaque é Adeus (2011), de Rasoulof, vencedor do prêmio de direção na mostra Um Certo Olhar, no Festival de Cannes. Uma das obras mais expressivas de Panahi, O Círculo (2000), a respeito da prostituição feminina, será exibida no domingo (26), às 17h.

Avenida Almirante Barroso, 25, Centro, ☎ 3980-3815 (78 lugares, Cinema 1). → R$ 4,00.

PROGRAMAÇÃO

Terça, 21 de maio:

17h – Fora de Jogo (Offside), de Jafar Panahi, Irã, 2006, 93min, 14 anos, 35mm.

19h ? Adeus (Bé omid é didar), de Mohammad Rasoulof, Irã, 2011, 100min, 14 anos, digital.

Quarta, 22 de maio:

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17h – A Antena (Baad-e-daboor), de Mohammad Rasoulof, Irã, 2008, 65min, 12 anos, digital.

19h ? A Onda Verde (The Green Wave), de Ali Samadi Ahadi, Alemanha, 2010, 80min, 12 anos, Digital.

Quinta, 23 de maio:

15h30 – Ilha de Ferro (Jazireh ahani), de Mohammad Rasoulof, Irã, 2005, 90 min, 10 anos, 35mm.

17h30 – Isto não é um filme (In Film Nist), de Jafar Panahi e Motjaba Mirtahmasb, Irã, 2010, 75min, 12 anos, digital.

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19h ? DEBATE – “Cinema e autoridade estatal, realidade e interditos: como filmar o Irã?”, com a professora Alessandra Meleiro, autora do livro “O Novo Cinema Iraniano: arte e intervenção social”, o pesquisador e curador do acervo da Cinemateca do MAM Hernani Heffner e mediação da curadora da mostra Tatiana Monassa.

Sexta, 24 de maio:

17h – O Balão Branco (Badkonake sefid), de Jafar Panahi, Irã, 1995, 85min, livre, 35mm.

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19h – O Espelho (Ayneh), de Jafar Panahi, Irã, 1997, 95min, 14 anos, 35mm.

Sábado, 25 de maio:

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17h – Ouro Carmim (Talaye sorkh), de Jafar Panahi, Irã, 2003, 97min, 12 anos, 35mm.

19h – O Crepúsculo (Gagooman), de Mohammad Rasoulof, 2002, 83min, 12 anos, digital.

Domingo, 26 de maio:

17h – O Círculo (Dayereh), de Jafar Panahi, Irã/Itália/Suíça, 2000, 90min, 14 anos, 35mm

19h – Os Campos Brancos (Keshtzar haye sepid), de Mohammad Rasoulof, 2009, 92min, 12 anos, digital.

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Terça, 28 de maio:

17h – O Crepúsculo (Gagooman), de Mohammad Rasoulof, Irã, 2002, 83min, 12 anos, digital.

19h – Fora de Jogo (Offside), de Jafar Panahi, Irã, 2006, 93min, 14 anos, 35mm.

Quarta, 29 de maio:

17h – O Balão Branco (Badkonake sefid), de Jafar Panahi, Irã, 1995, 85min, livre, 35mm.

19h – Os Campos Brancos (Keshtzar haye sepid), de Mohammad Rasoulof, 2009, 92min, 12 anos, digital.

Quinta, 30 de maio:

17h – A Onda Verde (The Green Wave), de Ali Samadi Ahadi, Alemanha, 2010, 80min, 12 anos, Digital.

19h – Isto não é um filme (In Film Nist), de Jafar Panahi e Motjaba Mirtahmasb, Irã, 2010, 75min, 12 anos, digital.

Sexta, 31 de maio:

17h – Ouro Carmim (Talaye sorkh), de Jafar Panahi, Irã, 2003, 97min, 12 anos, 35mm.

19h – A Antena (Baad-e-daboor), de Mohammad Rasoulof, Irã, 2008, 65min, 12 anos, digital.

Sábado, 1º de junho:

17h – O Círculo (Dayereh), de Jafar Panahi, Irã/Itália/Suíça, 2000, 90min, 14 anos, 35mm

19h ? Adeus (Bé omid é didar), de Mohammad Rasoulof, Irã, 2011, 100min, 14 anos, digital.

Domingo, 2 de junho:

17h – O Espelho (Ayneh), de Jafar Panahi, Irã, 1997, 95min, 14 anos, 35mm.

19h – Ilha de Ferro (Jazireh ahani), de Mohammad Rasoulof, Irã, 2005, 90 min, 10 anos, 35mm.

Os filmes

Adeus| Bé omid é didar (Mohammad Rasoulof, Irã, 2011, 100min, 14 anos) – História de uma jovem advogada em Teerã, em busca de um visto para sair do país, o que o próprio diretor fez durante o inverno de 2010/11. O filme foi exibido clandestinamente no Festival de Cannes de 2011, depois de prisão de Rasoulof.

Isto Não É Um Filme| In Film Nist (Jafar Panahi e Motjaba Mirtahmasb, Irã, 2010, 75min, 12 anos) – Um dia na vida do diretor Jafar Panahi, antes do ano novo iraniano e logo depois da condenação de Panahi a uma pena de prisão de seis anos e 20 anos de proibição de filmar. O filme foi incluído na última hora na programação do Festival de Cannes de 2011 e é como uma mensagem atirada ao mar numa garrafa.

Os Campos Brancos | Keshtzar haye sepid (Mohammad Rasoulof, Irã, 2009, 92min, 12 anos) – Por muitos anos, Rahmat foi atribuído a visitar várias ilhas onde ele vai ao encontro dos habitantes para coletar suas lágrimas. Mas ninguém sabe exatamente o que ele faz com elas.

A Antena | Baad-e-daboor (Mohammad Rasoulof, Irã, 2008, 65min, 12 anos) – O governo da República Islâmica do Irã faz o possível para restringir o acesso dos cidadãos à informação e media do resto do mundo. O documentário analisa como os iranianos demonstram sua desenvoltura para bloquear os seus censores.

Fora de Jogo | Offside (Jafar Panahi, Irã, 2006, 93min, 14 anos) – Após o estabelecimento da República Islâmica no Irã, as mulheres não são autorizadas a entrar nos estádios de futebol. O filme conta a história de um grupo de meninas iranianas tentam assistir a uma grande partida vestidas como os meninos, mas algumas são apanhadas e presas. O filme ganhou o Urso de Prata na Berlinale em 2006.

Ilha de Ferro | Jazireh ahani (Mohammad Rasoulof, Irã, 2005, 90 min, 10 anos) – “Iron Island” é um navio enorme enferrujado na costa iraniana em que dezenas de famílias encontraram abrigo e formaram uma comunidade. O chefe do navio, Capitão Nemat tenta equilibrar a procura de emprego, petróleo, alimentos e até mesmo maridos para as famílias pobres. Ele controla a “residência” com poder absoluto, no entanto dois jovens amantes tentam desafiar a sua autoridade. A crise aumenta com a crescente pressão de interesses comerciais que procuram expulsar os moradores.

Ouro Carmim | Talaye sorkh (Jafar Panahi, Irã, 2003, 97min, 12 anos) – Para Hussein, um entregador de pizza em Teerã, o desequilíbrio do sistema social é uma constante que ele vive diariamente. Seu trabalho lhe permite ver os contrastes entre ricos e pobres. Toda noite, ele viaja em uma motocicleta para bairros abastados e vê a vida por trás das portas fechadas. A hipocrisia generalizada do sistema oprime cada vez mais. Um dia, seu amigo Ali mostra-lhe o conteúdo de uma bolsa perdida: um colar acompanhado de seu recibo, que indica uma soma astronômica, que Hussein não pode sequer imaginar. Ele tenta devolver o objeto a uma joalheria, mas sua entrada é proibida, porque está mal-vestido. Em uma noite Hussein decide então saborear a vida de luxo e, ao amanhecer, ele decide voltar, discretamente, à joalheria.

O Crepúsculo | Gagooman (Mohammad Rasoulof, Irã, 2002, 83min, 12 anos) – Um fato estranho ocorreu em uma das prisões do Nordeste do Irã em 1998. O chefe da prisão escolheu um homem prisioneiro de 34 anos, que havia sido condenado diversas vezes durante sua juventude, para se casar com uma prisioneira condenada à prisão perpétua. Depois de um tempo, eles têm um filho e, mais tarde, a mulher é perdoada. Sete meses depois, a pena do homem chega ao fim e eles têm a chance de viver juntos fora da prisão. Mas a sociedade cruel os espera lá fora …

O Círculo | Dayereh (Jafar Panahi, Irã/Itália/Suíça, 2000, 90min, 14 anos) – Panahi filma uma comunidade que, deliberadamente, priva as mulheres às liberdades fundamentais e as fazem praticamente prisioneiras. Uma mulher é forçada ao divórcio por dar à luz a uma menina, enquanto seu ultra-som havia apontado para um menino. Três prisioneiras fogem, mas a falta de dinheiro as leva a um ato desesperado. Uma mulher jovem se vê obrigada a mendigar e a mentir para comprar uma passagem de ônibus. Outra é caçada pelos irmãos, após ter feito um aborto e fugido de casa. Monitoradas continuamente, sujeitas a uma burocracia pesada e discriminação que remonta ao início dos tempos, estas mulheres vêem as suas rotas se cruzarem em uma atmosfera cada vez mais dramática. Mas essas pressões opressivas não diminuem a energia, força e coragem de seu círculo. Vencedor do Leão de Ouro de melhor filme no Festival de Veneza.

O Espelho | Ayneh (Jafar Panahi, Irã, 1997, 95min, 14 anos) – Na saída da escola Mina percebe que sua mãe não foi buscá-la e, em vez de esperar, decide tomar o ônibus e ir para casa sozinha. Quando ela chega no terminal, Mina percebe que está perdida e precisa de tomar outro ônibus na direção oposta. Ela olha para a câmera e começa a gritar: “Eu não quero atuar neste filme”. O filme, em seguida, toma uma forma documental. O diretor não consegue convencê-la a terminar a cena e concorda em deixá-la ir, mas a mantém com um microfone sem fio. A equipe de filmagem, guiada apenas pelo som, segue a jovem atriz, enquanto ela se perde em Teerã procurando referência que lhe permita achar seu caminho de casa. Nas suas aventuras, ela vai cruzar o elenco e enfrentar, como um efeito de espelho, as realidades da sociedade iraniana em mutação. Vencedor do Leopardo de Ouro do Festival de Locarno de 1997.

O Balão Branco | Badkonake sefid (Jafar Panahi, Irã, 1995, 85min, livre) – No dia 21 de março, o primeiro dia da primavera, é festejado o ano novo no Irã. Razieh, de sete anos, sonha com um peixinho dourado, conforme a tradição iraniana. Com a ajuda de seu irmão, consegue convencer sua mãe, mas acaba perdendo o dinheiro nas ruas movimentadas da cidade. A sua tentativa de achá-lo lhe permitirá conhecer pessoas novas e viver incríveis aventuras. Vencedor da Câmera de Ouro do Festival de Cannes de 1995.

A Onda Verde | The Green Wave (Ali Samadi Ahadi, Alemanha, 2010, 80min, 12 anos) – Documentário-colagem que ilustra os dramáticos eventos que se seguiram à reeleição do ultra-conservador e populista Ahmadinejad como presidente do Irã em 2009. A violenta repressão às passeatas de protesto são narradas com técnicas mistas, que vão desde a reprodução de vídeos realizados por manifestantes até o desenho animado. O filme é baseado em autênticos relatos feitos na época pela mobilização dos jovens através da internet.

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