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Do Atari para o Game Arena

A experiência de um eterno gameover no Rock in Rio 2017

Por Leo Aversa
17 set 2017, 00h56

Campeão mirim de pinball do fliperama do Bairro Peixoto. Campeão em Space Invaders do apartamento 502, o do Carlinhos, sempre meu vice. Eterno master da lacração no Atari desde 1985.

De posse da minha coleção de títulos, vim resgatar a minha autoestima neste segundo dia do Rock in Rio, abalada no primeiro por um bando de adolescentes gerofóbicos. Já que em música meu lugar é no Museu de História Natural, vou para os games, onde minha perícia sênior mostrará a esses millenials insolentes o seu lugar. Game Arena, aqui vou eu.

A primeira diferença entre essa Arena Nutella e o Fliperama raiz é que na Arena tem Just Dance. Uma heresia imperdoável: nerd não dança. O mundo pode mudar, pode ter casamento gay, relação de poliamor, o cacete à quatro, mas nerd dançarino, nunca. Daqui a pouco vão inventar nerd pegador, nerd extrovertido. Onde vamos parar?

Ao que parece os nerds hereges, além de implantar a dança também aboliram os videogames clássicos. Nada de Space Invaders, River Raid ou Pitfall. Como diria Caetano, é isso que é a juventude que quer tomar o poder?

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Não importa, jogo no campo deles. Não são melhores que o Carlinhos do 502.

O primeiro desafio foi um jogo de corrida, que prefiro não lembrar o nome. Jogo de corrida deveria ser simples, é acelerar fundo e desviar dos outros carros. Não mais, este maldito jogo tem mais controles do que um Boing. Nem andei dez metros antes de destruir completamente o carro e terminar por último. Mais um pouco e o próprio Detran ia cassar a minha carteira.

Aproveitando a ausência de testemunhas, vou na encolha para o próximo.

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Esse é de futebol. Um tal de PES. Já joguei Fifa, não pode ser muito diferente. É. E pior, a partida é transmitida para um telão. Levo um baile, o meu adversário, um menino com aparelho nos dentes, não tem nenhum respeito geriátrico. Tomo caneta, drible da vaca, carretilha. Não juntou gente porque o telão se encarregou de espalhar o mico urbi et orbi. É o segundo dia de humilhação na Cidade do Rock. Primeiro os adolescentes, agora as crianças. Já não é caso de psicanálise, só um bisturi para me tirar esse trauma.

Também levei uma surra Street Fighter, no Mario Bros, até no Genius apanhei de uma menina usando roupa de Peppa Pig.

De repente um milagre: no meio dos games-Nutella encontro mesas de pinball. Hora da vingança. Ao meu lado tem um menino de uns dez anos que me olha com desprezo. Faço cara feia. O garoto não se intimida. Na verdade acha até graça. Moleque abusado. Vamos para a primeira bola. Saio na frente com vinte mil pontos de diferença. Tchau psicanalista, tchau Prozac.

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Como sempre a alegria dura pouco. A partir da segunda bola o jogo vira pra ele. O moleque deve ser um anão disfarçado, não perde um lance. O meu jogo acaba e ele continua, triunfante, no Extended Play. Pra mim é game over.

Volto para os shows. O Skank está no palco. Samuel Rosa canta.

 

Tão fácil perceber

Que a sorte escolheu você

E você cego, nem nota

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Sarcasmo, master da lacração desde sempre.

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