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Casa Cor abre as portas pela primeira vez na Zona Portuária

Instalada em edifício com a grife do britânico Norman Foster, um dos maiores arquitetos do mundo, a mostra reúne 42 ambientes de 71 profissionais

Por Sofia Cerqueira
Atualizado em 20 out 2017, 10h16 - Publicado em 20 out 2017, 10h16
Lounge Colab: projeto da dupla Luiz Fernando Grabowsky e Paula Neder (André Nazareth/Divulgação/Veja Rio)

Uma mostra dentro de outra. Não é exagero dizer que quem visitar a Casa Cor neste ano verá espaços criados por alguns dos principais nomes da arquitetura e decoração nacional, além da obra de um dos mitos mundiais das pranchetas, aquele tipo de semideus das linhas e dos volumes conhecido nas rodas internacionais como starchitect (arquiteto-estrela). Depois de ocupar casarões espetaculares, condomínios e até um shopping, da Zona Sul à Barra, o evento, que começa na terça (24), ancorou, pela primeira vez, na região central do Rio, no edifício Aqwa Corporate, assinado pelo escritório Foster+Partners, sediado em Londres, que tem à frente Norman Foster. Ícone da revitalização da Zona Portuária, a torre corporativa em forma de diamante, com a marca do inglês de 82 anos, vencedor do Prêmio Pritzker — o Nobel da arquitetura —, levou quatro anos para ser erguida e custou 800 milhões de reais. É nesse arrojado prédio de vidro e aço, considerado o mais moderno e eficiente do país, que se espraiam 42 ambientes de 71 profissionais. Com vãos livres e janelas do chão ao teto, a vista de 360 graus é um dos destaques deste ano (dependendo do lado de que se olha, topa-se com a Baía de Guanabara, o Porto, o Pão de Açúcar ou o Corcovado, todos em ângulos absolutamente fotogênicos). “É uma edição ousada e generosa. Além de apostarmos em uma área para onde o Rio cresce, os participantes tiveram muito espaço para criar”, diz Patricia Mayer, à frente da Casa Cor com a sócia Patricia Quentel. “O público terá a chance de ver como é morar e trabalhar num lugar em intensa transformação e conhecer um empreendimento único”, completa Daniel Cherman, presidente da Tishman Speyer no Brasil, empresa proprietária do imóvel.

Com o propósito de reproduzir o estilo de viver bem do carioca, a mostra ocupará 10 000 metros quadrados do arranha-céu, na Via Binário, em frente à Cidade do Samba. Dividida em quatro andares, a 27ª edição da Casa Cor terá pela primeira vez um espaço gratuito. No térreo do Aqwa, um café, uma mercearia-restaurante, uma brinquedoteca, uma garagem-estar e uma loja de design ficarão abertos e poderão ser visitados sem a necessidade de compra de ingresso. No piso superior, já na área acessível apenas a pagantes, o sky lobby concentra restaurante, wine bar e lojas. Nove andares acima, os visitantes podem conhecer um escritório-modelo e uma exposição sobre a transformação da região portuária, montados pela Tishman Speyer, que também é dona de endereços emblemáticos como o Rockefeller Center e o Chrysler Building, em Nova York. A cereja da Casa Cor, porém, fica no topo do prédio de 21 andares. Na cobertura, com pé-direito duplo e cartões-postais desfilando a cada vidraça, lofts, estúdios e lounges ocupam a vasta laje em espaços que vão de 51 a 320 metros quadrados. A montagem no Porto, que neste ano conta com estacionamento e estação do VLT na porta, é um dos vinte eventos promovidos no Brasil pela marca, pertencente ao Grupo Abril, que edita VEJA RIO. Realizada em cinco países da América do Sul, a Casa Cor chega neste ano também a Miami, nos Estados Unidos. Confira a seguir alguns destaques da versão carioca.

 

(André Nazareth/Divulgação/Veja Rio)

GABINETE DE CURIOSIDADES

A referência do projeto veio dos espaços dedicados aos achados dos navegantes que existiam na Europa do século XVI. Nesse conceito, Patricia Fendt criou um lounge cheio de história e que remete ao acúmulo de conhecimento. Dividido em dois ambientes, ele concentra mapas, livros, gravuras, fotos e baús. Para dar leveza à decoração e permitir a vista da área central do Rio, a arquiteta optou por estantes vazadas. Em frente à imensa janela, um banco convida à contemplação. O sofá em L e uma poltrona de leitura completam a ambientação. Uma bancada de chapa metálica vazada se destaca no lado oposto, com o apoio de quatro banquetas, iguais às existentes no Sesc Pompeia, em São Paulo, assinadas pela arquiteta Lina Bo Bardi. Para que se ressaltem os móveis, as peças decorativas e as obras de arte, as paredes foram mantidas brancas e o piso ganhou tacos de madeira clara.

 

(André Nazareth/Divulgação/Veja Rio)

LOFT DO COMANDANTE

Foi com base na conexão do homem com o mar que Jorge Delmas desenvolveu seu espaço. Para isso, investiu em tons neutros e variações de cinza e marrom, que dominam os revestimentos e o mobiliário. A cor surge em obras de arte e objetos decorativos. Além da cozinha, com móveis que parecem feitos de metal envelhecido, o espaço reúne sala de jantar, living e banheiro, que serve tanto de lavabo quanto de apoio ao dormitório, formando uma suíte. Uma porta de correr translúcida cumpre o papel de isolar o quarto dos demais ambientes, e uma estante metálica de 3,50 metros de altura funciona como uma divisória. À generosa iluminação natural dos aposentos do lobo do mar, soma-se a iluminação projetada por Maneco Quinderé.

 

 

(André Nazareth/Divulgação/Veja Rio)

ESPAÇO TEM.PO

O presente e o passado da Zona Portuária inspiraram Luiza Bottino e Valeska Ulm. Emoldurado pela Baía de Guanabara, o lounge tem paredes de tijolo envelhecido e piso contemporâneo, de cimento. Peças garimpadas em antiquários e na feirinha da Praça XV misturam-se a móveis de designers brasileiros, como José Zanine Caldas e Hugo França. No centro do espaço, adornado com três grandes jabuticabeiras, o destaque é um banco de cimento, desenhado pela dupla, e quatro chaises que deslizam sobre um trilho. O teto tem placas de MDF na forma de losangos entrelaçados. Uma estante curva em metal oxidado completa o cenário.

 

 

(André Nazareth/Divulgação/Veja Rio)

LOFT U

O conceito undefined, muito utilizado na discussão de gênero voltada para produtos e serviços, foi o ponto de partida para a concepção do espaço com sala, cozinha, quarto (foto abaixo) e banheiro integrados. Sem rótulos, Rodrigo Beze, Carlos Carvalho e Caio Carvalho conceberam um local com atmosfera industrial. O projeto tira partido do pé-direito alto com uma grande luminária em estrutura metálica, criada pelo trio. O toque masculino, presente no tecido de alfaiataria do sofá, contrasta com a feminilidade das poltronas rosa millennial, a cor do momento na moda. Entre as obras pinçadas para o ambiente estão 48 quadros do artista José Rufino, elaborados a partir de cartões de ponto antigos, e um trabalho da série fotográfica de Adriana Duque. Sem paredes, o ambiente é delimitado pelo piso, ora de madeira, ora cimentado. A exceção fica por conta do quarto, separado da sala por uma estrutura de ferro com vidro canelado, e do banheiro, instalado dentro de um cubo preto.

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(André Nazareth/Divulgação/Veja Rio)

LUMINA

O nome do loft faz referência a um prédio da Tishman Speyer, dona da torre que sedia o evento, em São Francisco, nos Estados Unidos. Lá, como no porto, a vista é o que sobressai. Além de tirarem partido da paisagem que invade o ambiente, André Piva e Vanessa Borges aproveitaram o pé-direito duplo para criar um mezanino para o apartamento compacto. Um pórtico em ripas de nogueira delimita o hall, contrastando com as paredes em textura bege e o piso de cimento original, que ganhou revestimento de resina. A ideia é misturar os conceitos de baixo custo a sofisticação (tendência internacional definida como high-low). Assim, a obra valeu-se de acabamentos econômicos, mas na decoração apostou-se em mobília de grife, como a B&B Italia, destaque na Feira de Milão. O quarto, no piso superior, alterna peças novas e vintage, como um antigo baú Louis Vuitton. O toque tecnológico fica por conta do acionamento por comando de voz para
ar-condicionado, cortinas, som e iluminação.

 

 

(André Nazareth/Divulgação/Veja Rio)

ART GARAGE SPORTS BAR

Esporte, arte e lazer se misturam no projeto idealizado por Maurício Nóbrega. Neste caso, uma garagem sem graça ganhou múltiplas funções. Além de abrigar veículos, o ambiente recebeu área para jogar basquete que se integra a uma sala de estar e um bar. O espaço, no térreo do Aqwa Corporate, mantém parte das paredes originais, em blocos de concreto, e teve o restante da estrutura e do piso revestido com placas de madeira. Um grande banco vermelho, semelhante aos usados em vestiários esportivos, mistura-se a móveis contemporâneos e peças vintage, vindas do acervo do arquiteto ou garimpadas em antiquários.

 

 

(André Nazareth/Divulgação/Veja Rio)

SPA

Um dos maiores espaços da mostra, tem área interna de 180 metros quadrados e um terraço. Para remeter ao frescor de um banho, a designer de interiores Paola Ribeiro se valeu de 400 metros de toalha branca para dar um toque especial ao projeto e usou o material nas enormes cortinas, de 6 metros de altura, e no revestimento das poltronas Benjamin, de Sergio Rodrigues. A concepção clean, que mescla o branco com madeira clara, contempla uma cozinha para o preparo de chá, servido em uma mesa cercada de futons. Banheiras e espreguiçadeiras fazem parte do ambiente.

 

 

(André Nazareth/Divulgação/Veja Rio)

COZINHA GOURMET DA ESTILISTA

A proposta de Cristina Côrtes foi adaptar o ambiente, normalmente restrito à convivência familiar e a reuniões de amigos, à função corporativa. Projetado para abrigar uma profissional de moda, o ambiente funciona como um ateliê para receber clientes de forma descontraída. Todo o revestimento do espaço, com painéis de laca metalizada e amadeirada, foi desenvolvido pela estilista Glória Coelho. Na união de moda e arquitetura, o design ganhou destaque, como se vê nas três banquetas que apoiam a ilha da cozinha, assinadas pelos irmãos Campana. As luminárias flutuantes de lona tensionada possibilitam a criação de cenários diferentes. Em um dos lados da cozinha uma passarela com um grande painel permite à estilista apresentar suas criações.

 

 

(André Nazareth/Divulgação/Veja Rio)

LOUNGE COLAB

Com estilos diferentes, Luiz Fernando Grabowsky e Paula Neder uniram-se para criar um local propício ao relaxamento, ao bate-­papo com os amigos e a reuniões informais de trabalho — sempre com muita elegância. A claridade do ambiente é atribuída à paleta de cores escolhida, que destaca o bege, o branco e o azul, e à luz natural que inunda o ambiente. Da poltrona em balanço, de couro trançado, pode-se admirar o Museu do Amanhã, o Pão de Açúcar e o Corcovado. Um sofá em forma de S e uma estante metálica destacam-se na ambientação, que ganhou um teto pergolado. Para separar o hall do estar, a dupla recorreu a um brise também em madeira ecológica. O toque de aconchego é dado por um tapete persa estonado.

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(André Nazareth/Divulgação/Veja Rio)

BRINQUEDOTECA

Adulto pode brincar? No espaço da dupla Leila Bittencourt e Cristiana Spinola o foco é a meninada, mas toda a marcenaria foi feita numa escala que permite que os grandinhos também se divirtam. Duas casas interativas são as grandes atrações. A primeira tem uma parede coberta por um painel em pin-art, com 1 200 pinos. Na segunda, chamada de sensorial, há paredes espelhadas e uma instalação com tecidos coloridos. Entre as duas estruturas, um brinquedo de cama de gato gigante é o destaque. O ambiente tem uma parede revestida de papel lambe-lambe colorido, e três murais interativos, entre os quais sobressai o de grandes spinners (brinquedo de girar com o dedo que virou febre).

 

 

Edifício Aqwa Corporate: endereço da mostra este ano, no Porto Maravilha

(Selmy Yassuda/Veja Rio)

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