Quem quer dinheiro?
Sucesso nos anos 70, Bonifácio Bilhões volta em agradável montagem no Teatro Vannucci
AVALIAÇÃO ✪✪✪
Húngaro de nascimento, João Bethencourt (1924-2006) fez carreira no Brasil, onde se tornou um prolífico autor, com mais de trinta peças. Na maioria delas, aliava uma visão crítica da realidade a comédias de costume. É nessa linha que transita Bonifácio Bilhões, cuja primeira montagem, de 1975, ficou em cartaz por dez anos. Na atual encenação, no Teatro Vannucci, a dupla principal é vivida por Tadeu Mello e José de Abreu. A história põe em confronto o economista Walter Antunes (Abreu) e o vendedor de goiabada Bonifácio Brilhante (Mello, arrancando risadas com seu sotaque nordestino). Na fila da casa lotérica, o primeiro, meio da boca para fora, promete ao outro dividir a bolada em caso de vitória. Não dá outra: o bilhete é premiado e Brilhante aparece para cobrar a promessa. É aí que Walter, esquerdista pretensamente cheio de consciência social, terá suas ideias postas à prova.
A opção por manter a trama nos anos 70 não obscurece a atualidade do texto e dá margem a uma série de referências bem-humoradas a marcas, empresas e até restaurantes da época — momentos bem aproveitados por Márcia Cabrita, que vive a mulher de Walter. A direção de Ernesto Piccolo enfatiza o clima meio vaudeville, cheio de entradas e saídas, contribuindo para o agradável programa.
Bonifácio Bilhões (95min). 12 anos. Estreou em 30/11/2012. Teatro Vannucci (420 lugares). Rua Marquês de São Vicente, 52 (Shopping da Gávea), 3º piso, Gávea, ☎ 2274-7246. Quinta a sábado, 21h30; domingo, 20h. R$ 70,00 (qui. e sex.) e R$ 80,00 (sáb. e dom.). Bilheteria: a partir das 14h (qui. a dom.). IC. Estac. (R$ 6,00 por duas horas). Até 31 de março.