Sem perder a graça
De volta ao circuito após 22 anos, A Partilha ainda se mostra atual e diverte a plateia
Encenada pela primeira vez em 1990, A Partilha tornou-se um dos maiores fenômenos do teatro carioca: foram seis anos em cartaz, montagens no exterior, uma continuação e uma adaptação para o cinema. Escrita e dirigida por Miguel Falabella, a peça trazia Arlete Salles, Susana Vieira, Thereza Piffer e Natália do Vale como quatro irmãs que se reencontram no velório da mãe e, a partir de uma conversa sobre a divisão da herança, passam suas vidas a limpo. Vinte e dois anos depois, o espetáculo volta à cidade, no Teatro Oi Casa Grande.
Novamente no posto de diretor, Falabella preservou o entrosamento obtido em cena ao reunir três quartos do elenco. Apenas Natália, escalada para a próxima novela das 9 da Globo, deu lugar a Patricya Travassos ? ela já a substituíra por cerca de três meses na temporada original. No papel de Selma, dona de casa conservadora que vive um casamento aborrecido com um militar, ela é a responsável por boa parte das risadas do público, assim como Susana, na pele da liberada Regina. Intérprete da jornalista Laura, a personagem mais centrada, Thereza se sai bem como um contraponto dramático. Mas é Arlete, encarnando a intempestiva Maria Lúcia, que rouba a cena em todas as aparições, com direito a cacos que provocam aplausos em cena aberta. Os bons figurinos de Sônia Soares refletem bem a personalidade de cada uma das irmãs, e a cenografia eficiente de Belí Araújo traz o essencial para a ambientação. Valoriza-se, assim, a maior virtude da comédia: a desenvoltura de quatro atrizes em torno de um texto ainda atual.
A Partilha (90min). 12 anos. Estreou em 3/8/2012. Teatro Oi Casa Grande (926 lugares). Avenida Afrânio de Melo Franco, 290, Leblon, ☎ 2511-0800. Quinta, 21h; sexta e sábado, 21h30; domingo, 19h. R$ 40,00 a R$ 120,00. Bilheteria: 15h/20h (ter. e qua.); a partir das 15h (qui. a dom.). Cc: todos. Cd: todos. IC. Estac. no Shopping Leblon (R$ 4,00 por duas horas). Até 30 de setembro.