Tragédia enxugada
Versão contemporânea de Antígona centraliza a ação nos protagonistas e mantém o essencial
AVALIAÇÃO ✪✪✪
Antígona, princesa de Tebas, é condenada à morte pelo rei Creonte. O motivo: contrariando uma lei baixada pelo tirano, ela promove o sepultamento do irmão Polinice, considerado um traidor. Escrita por Sófocles em 442 a.C., a tragédia grega é reduzida à essência, em 45 minutos de sessão, na montagem encenada pela companhia Teatro do Pequeno Gesto. AntígonaCreonte, adaptação de Fátima Saadi, concentra a ação nos dois papéis principais, interpretados por Vilma Melo e Gustavo Otoni. Fazendo as vezes de corifeu, Mariana Oliveira desdobra-se por tipos e cenas de apoio à trama. Personagens-chave, a exemplo de Ismênia (Jackie Netzach), irmã da protagonista, e Hémon (Ivan Mendes), filho de Creonte e noivo de Antígona, aparecem em imagens projetadas na fina cortina no fundo do palco.
Os vídeos de boa qualidade produzidos pelos irmãos Rico e Renato Vilarouca entram com o toque contemporâneo. Uma representação do coro grego traz trechos do clássico narrados por vozes digitalizadas, como sons de robôs, e cita mortos insepultos da atualidade, a exemplo dos corpos não resgatados de vítimas do acidente no voo da Air France, em 2009. Na direção, Antonio Guedes extrai bons desempenhos de Vilma e Gustavo, responsáveis por altas doses de densidade e emoção. Mariana não atinge o mesmo registro. É prejudicada, em parte, por sua função de curinga, menos definida.
AntígonaCreonte (45min). 12 anos. Teatro Gláucio Gill (104 lugares). Praça Cardeal Arcoverde, s/n°, Copacabana, ☎ 2332-7904, → Cardeal Arcoverde. Sábado a segunda, 21h. R$ 20,00. Bilheteria: a partir das 16h (sáb. a seg.). Até segunda (1º).