Na próxima edição, a série Grandes Discos da Música Brasileira, que já reviveu momentos históricos na carreira de artistas como Edu Lobo, João Bosco, Nei Lopes e Wilson Moreira, vai prestar uma homenagem póstuma. Joyce Moreno foi convidada para interpretar ao vivo, no Instituto Moreira Salles, na terça (17), as faixas do primeiro disco de Sidney Miller (1945-1980). Hoje pouco conhecido, o cantor e compositor carioca, autor de sucessos como O Circo e Pede Passagem, chegou a ser comparado com outro jovem talento dos anos 60: Chico Buarque.
Por que você foi a escolhida para homenagear Sidney Miller? A série, normalmente, é estrelada pelo próprio artista homenageado. Fiquei surpresa quando me chamaram, mas imagino que o critério de escolha tenha sido o fato de que eu e ele fomos bons amigos. Fiquei feliz, é uma grande responsabilidade. A obra de Sidney Miller, hoje, é quase clandestina. Poder dar uma luz a esse repertório me deixa muito satisfeita.
Ele chegou a ser comparado com Chico Buarque. Quais são as semelhanças nos estilos dos dois? O ponto de partida deles foi parecido. Ambos tiveram canções interpretadas por Nara Leão. Mas acho que essa é a principal característica comum entre os dois. Tanto musical quanto poeticamente, cada um tinha seu jeito muito particular de compor e criar, e eles traçaram caminhos diferentes.
A morte dele, com menos de 40 anos, a pegou de surpresa? Sobre a morte não sei detalhes, mas o que se diz é que ele se suicidou. Nós fazíamos parte de uma cena na qual também despontavam Caetano Veloso, Jards Macalé e outros jovens compositores. Encontramo-nos nessa fase boa. Na música, gravei Pede Passagem, e ele dizia que a minha versão era a sua preferida. Tínhamos muito afeto e amizade, mas uma proximidade relativa, porque cada um mantinha sua vida.