Três perguntas para… Criolo
O rapper paulistano volta ao Rio para a comemoração do primeiro aniversário do Studio RJ
Natural do bairro do Grajaú (mas o de São Paulo, e não o carioca), o MC estourou em 2011 — após vinte anos de estrada –, a bordo do disco Nó na Orelha. Letras contundentes e melodias bem executadas serviram-lhe de passaporte para alguns dos principais festivais de música europeus, como o dinamarquês Roskilde, em junho. Criolo também tem dividido o palco com artistas díspares e renomados, a exemplo do jazzista etíope Mulatu Astatke e do cantor Ney Matogrosso. Na quarta (31), o rapper é a principal atração da comemoração do primeiro aniversário do Studio RJ, no Arpoador.
Como foi se apresentar para o público estrangeiro? Percebi que em qualquer lugar do mundo as pessoas se reúnem para celebrar a música e para prestar atenção no que acontece além do seu quintal. O que fez minha música emplacar lá fora foi a sonoridade. As pessoas que sobem ao palco comigo têm um talento muito especial. São verdadeiros instrumentistas, que se relacionam de maneira muito verdadeira com o que fazem.
Você atribui esse enorme sucesso neste momento da carreira ao fato de o hip-hop estar em alta? Não, atribuo à solidariedade das pessoas. Quando eu caminhava para o 21º ano de carreira, muita gente me estendeu a mão na hora certa. Não mudei em nada a forma de me enxergar nesse processo: para mim, o hip-hop continua sendo uma energia, um sentimento, um gesto solidário e democrático. Ele é, como todo tipo de arte, acolhedor. Vai além de nomenclaturas e rótulos. Você tem se apresentado com frequência no Rio de Janeiro.
Qual é sua relação com a cidade? As pessoas me inspiram. Não adianta você estar em um lugar paradisíaco como o Rio se o povo não tem nada para trocar. Eu me sinto muito bem na cidade, desde os tempos dos bailinhos de rap e encontros de hip-hop. É um carinho esplendoroso. Mas o que eu vejo são pessoas e não códigos postais. Prefiro enxergar todos igualmente, afinal, somos brasileiros.