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O poderoso colchão

Ele faz a cabeça e a coluna da alta-roda, proporcionando momentos de relax a um preço que atinge 50 000 reais

Por Carla Knoplech
Atualizado em 2 jun 2017, 13h20 - Publicado em 16 out 2013, 18h36

Susana Vieira e Tony Ramos estão dormindo na mesma cama. Além dos atores, também nela se esticam alguns membros das tradicionalíssimas famílias Klabin e Moreira Salles. Explicando melhor, para que ninguém pense besteira: todos eles se tornaram clientes do mesmo colchão, o Kenko Patto, japonês, que vem passando por um boom de vendas. O objetivo da marca é reviver sua grande fase, ocorrida na virada dos anos 80 e 90, quando, só no Brasil, saíam cerca de 30?000 unidades por mês ? de um modelo mais simples, é verdade. Este agora, que vem fazendo a cabeça (e a coluna) da alta-roda carioca, não é um produto comum. Feito para poucos, seu preço, dependendo das peças adicionais, pode chegar à casa dos 50?000 reais. Custa mais do que muito carro e, claro, não sai do lugar. Mas para muitos clientes a viagem é até maior.

Funcionando, grosso modo, como um grande massageador horizontal, no qual a pessoa fica deitada oito, nove, dez horas por noite, ou seja, durante todo o período de sono, o colchão, com mecanismos acionados por controle remoto, promete milagres. E para isso se vale da chamada magnetoterapia. A grife foi trazida para o Brasil há trinta anos, com tecnologia de Osaka, e costuma ser venerada pelos usuários, especialmente por aqueles que já sofreram com dores reumáticas. “Eu tinha uma pontada renitente na lombar, que foi embora em poucos dias, depois que passei a dormir nesse colchão. Além disso, uma vez em cima dele, consigo alcançar um nível de meditação que me leva a lugares aonde raramente consigo ir”, afirma o ator Gracindo Júnior, dono não só de um, mas de dois exemplares.

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O autor de novelas João Emanuel Carneiro, a atriz Cris Nicolotti, o apresentador de TV Luciano Huck, o ex-prefeito Israel Klabin, ao lado de muitos ricos anônimos, já compraram um deles. É gente que crê piamente na influência dos campos eletromagnéticos sobre o corpo humano. Há uma base científica, sim. A camada mais alta do produto (veja o quadro) tem por base uma espuma mista de titânio, platina e alumínio, que emite ondas semelhantes às dos raios solares. Um pouco abaixo, e aí depende da necessidade de cada um, podem ser adicionados outros aparelhos magnéticos, costurados por dentro, também capazes de ativar a maioria das células do organismo.

É nesse estágio que o negócio encarece: cada placa dessas custa em média 4?000 reais, e elas podem ser duas, quatro, seis ou até, no modelo king-size, doze. “O Kenko Patto não é só para deitar e dormir; trata-se de uma terapia completa, podendo prevenir 300 doenças”, diz o acupunturista carioca, da Barra da Tijuca, Kato Chuzo. Conceitos simples também ajudam a explicar o que está, com duplo sentido, debaixo dos lençóis. “Quem tem um ímã por perto tem remédio para a vida toda”, afirma Wu Tou Kwang, cirurgião do Hospital das Clínicas de São Paulo, um dos maiores especialistas em magnetoterapia no país.

Artigos que buscam incrementar o sono volta e meia agitam o mercado. No fim dos anos 80, travesseiros fabricados “com espuma da Nasa” conquistaram fama mundo afora ? tinham um componente viscoelástico desenvolvido para equipar foguetes, e viraram moda por algumas temporadas. Recentemente, têm feito sucesso, entre os viciados em aplicativos para celulares, o SleepTime e o SleepBot, programas que monitoram a noite dormida, para no dia seguinte traçarem um panorama dos momentos de tensão, ronco e agitação do dorminhoco ? mas é claro que não se tem notícia de ninguém, entre os felizes proprietários dos colchões de 50?000 reais, que esteja lá muito preocupado com indicadores desse tipo.

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