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Beba com moderação

Os cariocas descobrem as cervejas de alto teor alcoólico ? deliciosas, mas que podem levar a ressacas temíveis

Por Carolina Barbosa
Atualizado em 5 jun 2017, 13h53 - Publicado em 14 ago 2013, 18h56

À primeira vista, elas parecem absolutamente inofensivas. Mas basta um gole para se dar conta de que naquela tulipa repousa um líquido que deve ser degustado com parcimônia. Caso contrário, as consequências podem ser dramáticas. Chamadas de cervejas extremas, essas bebidas de alta gradação alcoólica ainda são minoria nas geladeiras dos bares cariocas, mas já começaram a despontar na predileção dos cervejeiros ávidos por novidades. “Quando tomei pela primeira vez, achei a pior coisa do mundo, mas fui aprendendo a sentir as nuances. Hoje é o meu tipo preferido”, conta o advogado Ronaldo Voll, que tem entre suas queridinhas a Bommen & Granaten, produzida na Holanda pela De Molen e com 15,2% de álcool. “Só é preciso prestar atenção na quantidade. Três doses já são o suficiente para deixar quem bebe de pileque e dar uma ressaca danada no dia seguinte”, alerta ele. Atenta à demanda pelas variedades mais fortes, que começam a cair no gosto dos cariocas, o gigante Ambev, dono do mercado de geladas convencionais, passa a receber a partir de quinta (15) a Hertog Jan, importada do sul da Holanda e com 10% de álcool na sua composição.

Surgidos há pouco mais de uma década nas microcervejarias artesanais dos Estados Unidos, esses rótulos têm, em geral, mais de 10% de teor alcoólico, podendo chegar aos 55% ? mais do que a vodca, que tem 40% ?, enquanto as pilsens comuns apresentam, em média, de 4% a 5%. Para alcançar essa composição, existem algumas alternativas. Entre os produtores belgas, por exemplo, é muito comum adicionar açúcar ao preparo. Ao final do processo de levedação, o ingrediente terá se transformado em álcool. Outro método recorrente se dá por meio de congelamento. Com isso, tira-se a parte com água, fazendo com que o restante do líquido fique mais concentrado. “Uma terceira possibilidade é acrescentar mais malte à fórmula, o que também vai gerar mais açúcar durante a fermentação”, explica o coordenador e professor do curso de negócios da cerveja da Fundação Getulio Vargas, Túlio Rodrigues, no ramo há quase vinte anos. Em alguns casos, o líquido ainda passa por processos semelhantes aos dos vinhos e uísques, podendo envelhecer em barris de carvalho francês por meses ou até anos. O resultado são cervejas mais fortes e encorpadas, muitas vezes com textura quase licorosa, e o creme denso e consistente. Para quem está acostumado às latinhas comuns, deparar com um rótulo desses é como sair do vinho branco alemão de garrafa azul direto para um grand cru francês.

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Tamanho esmero no método de produção, no entanto, revela-se no preço. Por causa dos ingredientes usados ou dos longos processos de fabricação, esses rótulos costumam ser caros: uma garrafa da escocesa Sink the Bismark, com apenas 355 mililitros, mas com 41% de álcool na fórmula, custa até 800 reais por aqui, e o estoque já terminou em bares como o Delirium Café e o BeerJack HideOut. “Cheguei a pagar 200 dólares por uma Samuel Adams Utopias em uma viagem. Não dá para fazer isso sempre, mas valeu pela experiência”, diz o contador Daniel Conde Perez. Junto com um amigo, ele tenta há seis meses produzir sua própria receita de cerveja extrema. Misturou seis tipos de fermento, mais seis tipos de malte e de lúpulo, além de pimenta. Na tarde de 13 de março deste ano, dia da eleição do papa Francisco, a dupla chegou à fórmula ideal da bebida, batizada por eles como Cuvée do Cramulhão, com 18% de álcool. Para produzir a primeira leva de 25 litros, os dois gastaram 600 reais, uma pechincha em comparação ao que custaria a mesma quantidade das importadas. “Agora só vamos tomar da nossa”, brinda.

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