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Cervejarias cariocas abrem bares próprios em quarteirão boêmio

Vizinhos ao já estabelecido Hocus Pocus DNA, em Botafogo, Fort Mohave, Brewsil e Estação 2cabeças oferecem rótulos e experiência completa das marcas ciganas

Por Carol Zappa
Atualizado em 27 out 2017, 11h21 - Publicado em 27 out 2017, 11h21
Fort Mohave, Brewsil e Hocus Pocus DNA: vizinhos na Rua Dezenove de Fevereiro (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)

Primeira a chegar, em setembro de 2016, a Hocus Pocus instalou-se de mala e canecas em uma rua menos concorrida de Botafogo. Nos últimos dois meses, a loja de ambiente despojado ganhou como vizinhos bares de outras três badaladas cervejarias artesanais cariocas. O point formado por quatro negócios de mesmo perfil, três deles grudados um no outro, evidencia uma tendência no mercado das geladas: marcas vêm abrindo redutos próprios, vitrines que proporcionam um contato direto com a clientela. Verificada nos últimos cinco anos, a multiplicação das chamadas ciganas, cervejarias sem fábrica própria — o Estado do Rio, com cerca de 200 delas, tem a maior concentração do país —, fez com que muitas dessas empreitadas buscassem um endereço para chamar de seu. Antes, um pouco de história: pioneira local entre as artesanais, a Devassa ousou seguir esse caminho no início dos anos 2000. A abertura de uma rede de bares foi a solução para escoar a produção, tornar a marca conhecida e furar o bloqueio da concorrência já estabelecida. O sucesso da aposta levou à venda do empreendimento para a grande indústria. “O bar traz visibilidade e credibilidade. Além disso, surge a perspectiva de um lucro maior, já que não há intermediários”, diz Lucca Soraggi, sócio da Brewsil, inaugurada em agosto, no lugar de uma antiga oficina, e colada ao Hocus Pocus DNA, na Rua Dezenove de Fevereiro.

O negócio de Soraggi e dois amigos de infância começou em 2015, na forma de um triciclo (ou tuk-tuk) para revender cerveja. No ano seguinte, a trinca lançou três rótulos, Errejota, uma pilsen não filtrada, a witbier Sampa e a session IPA Floripa, todos hoje com lugar garantido nas oito torneiras da casa própria em Botafogo — as opções se completam com dois bicos para convidados e três de drinques. “O maior desafio do ponto fixo é estar atento ao atendimento, à comida. É diferente de apenas entregar o produto”, afirma o sócio da Brewsil, antes de avisar que há mais lançamentos à vista. A lista inclui uma receita frutada, para o verão, e uma barley wine (envelhecida em barril de madeira).

Estação 2cabeças: roupas e acessórios fazem parte da experiência (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)

A outra parede da Brewsil faz fronteira com o Fort Mohave, lar de cervejas como a belgian dark strong ale Bandita e a american IPA Diablo. A casa oferece ainda o sistema Your Tap, em que o visitante carrega um cartão pré-pago e pode servir-se nas torneiras. Desde a abertura, na mesma semana da do vizinho, a marca já registrou um acréscimo de 10% na receita. “Nossa cerveja está sempre exposta, e conseguimos circular melhor a mercadoria, mas essa não é a principal preocupação”, conta Eduardo Mauro, sócio da Mohave. “É importante para a empresa ter o seu lugar, um espaço onde seja possível proporcionar uma experiência completa e receber o retorno do cliente”, explica Mauro, que pretende instalar até o fim do ano uma filial em Brasília. Para o sommelier de cervejas e consultor Gustavo Renha, o movimento carioca espelha-se no mercado americano, que aposta tanto no frescor do produto, com o lema “beba local”, como na experiência única, proporcionada pela venda de roupas e acessórios. “Esse é o momento de o consumidor se identificar com uma marca determinada de cerveja artesanal e com tudo o que vem dela. O contato com os criadores das receitas é fundamental”, opina.

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Na Rua General Polidoro, a um quarteirão do trio da Rua Dezenove de Fevereiro, encontra-se o Estação 2cabeças, aberto há pouco mais de um mês. No ponto, camisetas e bonés da marca dividem espaço com as geladas próprias. “Muita gente perguntava onde ficávamos, não tínhamos um lugar para receber clientes. Ganhamos uma vitrine importante”, resume Maíra Kimura, que comanda a 2cabeças junto com Bernardo Couto. Ela ainda pensa em abrir um brewpub — modelo de negócio em que a cerveja é fabricada e vendida no mesmo local. “Ninguém conseguiu por aqui, a burocracia é grande”, lamenta a sócia. Criador da Devassa, que começou essa história toda, Cello Macedo sai na frente mais uma vez: deve inaugurar em novembro, com o artista Vik Muniz, no Jockey Club, a Casa Camolese, misto de restaurante, bar e clube de jazz que vai produzir, lá mesmo, a própria cerveja. Para os bons de copo, o cenário é, portanto, bastante promissor.

Bar Antuérpia: chopes próprios e convidados no Leblon (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)

Cantinhos exclusivos

Conheça os endereços de outras cervejarias na cidade:

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› Noi. A fábrica de Niterói ganhou em 2015 um posto avançado, onde serve suas criações. Rua Conde Bernadotte, 26, lojas I e J, Leblon.

› Antuérpia. Surgido em Juiz de Fora, o negócio aportou por aqui em abril (foto à dir.). Avenida Ataulfo de Paiva, 1079, loja F, Leblon.

› Capa Preta. A marca mineira, com sede em Nova Lima, escolheu o Rio para instalar sua primeira tap house. Avenida das Américas, 7700, Barra.

› São Bartolomeu. A cervejaria alterna seus 26 rótulos nas torneiras. Além da loja na Tijuca, ocupa dois concorridos quiosques na Rua Nelson Mandela, em Botafogo. Rua Barão de Itapagipe, 118, Tijuca.

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