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Vinho e cinema, casamento perfeito

A sétima arte e a enologia tem muito mais em comum do que podemos imaginar e podem ser uma ótima combinação

Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
25 out 2024, 05h00
Vinho & Cinema
 (shutterstock/Divulgação)
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Já faz mais de 20 anos da primeira vez que publiquei sobre “vinho & cinema”. Desde então este foi um dos principais temas das centenas de palestras de vinho que já fiz pelo mundo. Diversos aspectos conectam estas duas artes. Primeiramente o fato de que inúmeros astros de Hollywood terem enveredado pelo mundo do vinho, de Francis Ford Coppola a Brad Pitt, passando por Gérard Depardieu e Drew Barrymore, a lista é longa. Depois, desde o filme Sideways, Entre Umas e Outras (2004), o vinho virou tema de incontáveis filmes, como  Um Bom Ano (2006) e o mais recente Notas de Rebeldia (2020), só para citar alguns.

 

Tal aproximação nos faz indagar, existe alguma analogia entre estas duas formas de arte? O cinema surgiu o final do século XIX como o “olho mecânico”, onde o uso da energia elétrica e de um processo químico (de imprimir uma imagem em uma película) tinham papel central. Esta moderna máquina era capaz capturar pedaços da realidade, a vida como ela é, uma arte objetiva e neutra, no qual o homem, segundo um determinismo rigoroso, não interfere. O vinho em seus primórdios também era relacionado ao “real”, a verdade em sua essência, visão bem expressa na frase de Plínio: ”in vino veritas”. Para os antigos gregos o néctar dionisíaco ao mesmo tempo que embriaga traz lucidez.

 

Hoje os papéis desempenhados por cinema e vinho mudaram radicalmente. O cinema deixou de ser a arte do real para, no nosso mundo contemporâneo, tornar-se a mais lúdica das artes. No momento em que as luzes se apagam e o espectador entra em um sonho. O acender das luzes é quase como um despertar deste mundo onírico. O vinho, por sua vez, nas últimas décadas deixou de ser a bebida alimentar popular para associar-se ao prazer hedonista (e também lúdico) da viagem dos sentidos.

 

Os elementos do cinema também têm seu espelho no vinho. Atores são como uvas, alguns chegam a ser divas. A pinot noir por exemplo é a primeira casta tinta a ser lembrada quando se pensa em elegância. Quando nas minhas palestras indago o público que ator ou atriz seria um pinot noir, são sempre lembrados nomes como Audrey Hepburn, Fred Astaire e Sean Conery. Quando pensamos em força bruta, no mundo do vinho o estereótipo recai sobre a tannat, cepa que proporciona muitos taninos e às vezes (nem sempre) vinhos brutos. No vinho a analogia perfeita recai sobre atora musculosos de filmes de luta ou ação, Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger. Quando indago a plateia sobre os vinhos clássicos de Bordeaux, sua pompa e realiza, a reposta vem na forma de atores shakespearianos, como Laurence Olivier, ou papéis fortes, como Marlon Brando ou Al Pacino em O Poderoso Chefão. Já quando na taça apresento vinhos tintos calorosos, como um granache ou syrah do sul da França, com seus taninos sedosos, aromas de especiarias e teor alcoólico alto, a analogia recais ou astros ou atrizes mais sedutores, como George Clooney, Antonio Banderas, Margot Robbie, Scarlett Johansson ou Jennifer Lawrence.

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Analogias como estas são leituras pessoais dos códigos de linguagem do vinho e do cinema. Você não precisa militar por minhas escolhas, mas sim criar as suas. Boa degustação e bom filme!

 

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