Vinho e Carnaval
Por Marcelo Copello No Carnaval o que menos se quer é pensar, é hora apenas de brincar. O vinho, nas últimas décadas teve sua imagem associada à sofisticação, complexidade e reflexão, perdendo um pouco o caráter de bebida alimentar, popular e mística. Ao vestir a fantasia, armar-se de confete e serpentina e partir para a […]

Por Marcelo Copello
No Carnaval o que menos se quer é pensar, é hora apenas de brincar. O vinho, nas últimas décadas teve sua imagem associada à sofisticação, complexidade e reflexão, perdendo um pouco o caráter de bebida alimentar, popular e mística. Ao vestir a fantasia, armar-se de confete e serpentina e partir para a folia, ou ao sacar a rolha e encher a taça, esquecemos que Carnaval e vinho têm origens comuns, no mesmo espírito profano e irreverente.
A festa de Carnaval teria nascido da festa de Osíris, deus do vinho no antigo Egito, que marcava o recuo das águas do Nilo e a fertilidade da primavera. Festejos semelhantes aconteciam na Grécia, em homenagem a Dionísio, deus do vinho, e em Roma, com os bacanais, que festejavam o deus Baco (nome romano de Dionísio).
A tradição ainda é comemorada em diversos países, como França (Paris e Nice), Itália (Veneza e Roma), Alemanha (Nuremberg e Colônia), Austrália (Sidney), Canadá (Québec) e Estados Unidos, em Nova Orleans (desde 1857), onde tem origem francesa e é chamado de Mardi Gras (terça-feira gorda). Sem esquecer, é claro, do Brasil, onde teve início no Rio de Janeiro por volta de 1840 e hoje acontece em todo o país. Manteve-se o espírito inicial da festa: mistura de classes, irreverência, brincadeiras e sensualidade.
O vinho portanto, é a bebida original do Carnaval. Nada mais adequado do que partir para a folia armado de uma taça de espumante brasileiro. As borbulhas são o destaque da produção nacional e vêm encantando a crítica internacional. Selecionei 10 rótulos para os momentos de festa:
Espumantes Brancos Brut
Monte Paschoal Brut, Irmãos Basso, Farroupilha-RS (R$ 20,40). Elaborado com chardonnay e riesling itálico, pelo método charmat. Amarelo dourado claro e brilhante. Perlage pequena e abundante. Aroma de boa intensidade, no nariz remete à champagne, pois são intensos os aromas de levedura. Paladar seco, leve e elegante, falta um pouco de estrutura no meio de boca. Com 12 % de álcool. Minha nota: 87 pontos.
Villaggio Grando Brut 2010, Villaggio Grando, Água Doce-SC (R$ 40,00) Um blend de Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay elaborado pelo método Charmat. Amarelo palha claro com reflexos dourados. Perlage excelente, abundante e e tamanho pequeno. Aroma de médio ataque, frutado, baunilha, chá e fermento. Paladar de médio corpo, cremoso, com boa acidez, doçura aparecente, bom equilibrio geral. Com 11,3% de álcool. Minha nota: 87 pontos.
Stravaganzza Brut, Don Giovanni, Pinto Bandeira-RS (R$ 25,00). Elaborado com Pinot Noir e Chardonnay pelo método Charmat. Amarelo palha claro com reflexos dourados, brilhante. Perlage pouco abundante, de tamanho médio. Aroma de fruta mais madura, damasco, mel e leveduras. Paladar seco e encorpado, cresmoso. Perfil mais maduro com equilibrio pendendo para a maciez. Com 12,6% de álcool. Minha nota: 86 pontos.
Vivere Espumante Brut, Vinícola Góes & Venturini, Flores da Cunha-RS (R$ 30,00). Elaborado com Chardonnay pelo método Charmat. Palha muito claro e brilhante. Boa perlage, abundante e pequena. Aroma delicado, floral, frutas cristalizadas. Paladar seco, leve e fresco, bom equilibrio, muito agradável. Com 12,5% de álcool. Minha nota: 85 pontos.
Cuvée Tradition, Miolo, Vale dos Vinhedos-RS (R$ 30,00). Elaborado pelo método Champenoise. Palha muito claro, quase branco papel, com reflexos esverdeados. Perlage de tamanho médio abundamte. Aroma de médio ataque, elegante, com frutas, acácia. Paladar leve e fresco, macio, bem elaborado. Com 11,5% de álcool. Minha nota: 84 pontos.
Espumantes Rosés
Amadeu Rosé 2009, Vinícola Geisse, Pinto Bandeira-RS (R$ 38,32). Elaborado pelo método Champenoise. Linda cor, pessego claro, brilhante. Perlage pequena, de média abundância. Aroma intenso e elegante, floral, rosas, jasmim, frutas vermelhas frescas e pêssego. Paladar leve e macio, bom equilibrio entre frescor e cremosidade, elegante e equilibrado. Delicioso. Com 12,5% de álcool. Minha nota: 89 pontos.
Blush Premium 2007, Casa Valduga, Vale dos Vinhedos-RS (R$ 31,00) Elaborado pelo método Champenoise tradicional. Linda cor clara, entre pêssego e salmão. Perlage perfeita, pequena e abundante. Aroma de médio ataque, elegante, com toques de mel, fermentos, frutas vermelhas frescas, framboesas e morango, esperiacias. Paladar de leve a médio corpo, cremoso e de ótima acidez. Com 13% de álcool. Minha nota: 89 pontos.
Passion Demi-Sec Rosé, Chandon, Garibaldi-RS (R$ 48,55). Elaborado com Malvasia, Moscato e Pinot Noir pelo método Charmat. Linda cor de pessego, clara e brilhante. Perlage perfeita. Aroma iuntenso, com rosas, lichias, mentol, fruta vermrelhas, parece um moscatel com gewurztraminer. Paladar meio doce, muito bem elaborado, equilibrado e elegante, delicioso.Com 11,7% de álcool. Minha nota: 88 pontos.
Cave Pericó Brut Rosé 2010, Pericó, São Joaquim-SC (R$ 48,00), Elaborado com Cabernet Sauvignon e Merlot pelo método Charmat. Linda cor cereja claro, Perlage perfeita. Aroma com herbáceo de pimentão bem aparente, frutas vermelhas e rosas. Paladar leve, fresco e elegante, de ótima acidez, bem equilibrado. Fora o toque de herbáceo no aroma que pode desagradar alguns é um vinho excelente. Com 12,5% de álcool. Minha nota: 87 pontos.
Rosé Brut, Quinta Don Bonifácio, Serra Gaúcha-RS (R$ 25,50). Elaborado com Merlot, Sangiovese e Chardonay pelo método Charmat. Cor de casca de cebola, perlage perfeita. Aroma intenso, focado nas frutas bem maduras, toque balsâmico. Paladar de médio corpo, CO2 bem presente na língua, frutas aparecem na boca, boa acidez e crecor, estilo mais intenso e frutado, bem elaborado. Com 12% de álcool. Minha nota: 87 pontos.
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Marcelo Copello (mcopello@bacomultimidia.com.br)