Como comprar vinhos
Por Marcelo Copello “Só a primeira garrafa de vinho é cara” – provérbio francês. Pode-se ver o vinho sob diversos ângulos: como um saudável alimento ou, mera bebida alcoólica; símbolo de status, sofisticação ou, esnobismo; como história líquida que acompanha a espécie humana desde os seus primórdios, ou fonte de prazer e descobertas e, […]

Por Marcelo Copello
“Só a primeira garrafa de vinho é cara” – provérbio francês.
Pode-se ver o vinho sob diversos ângulos: como um saudável alimento ou, mera bebida alcoólica; símbolo de status, sofisticação ou, esnobismo; como história líquida que acompanha a espécie humana desde os seus primórdios, ou fonte de prazer e descobertas e, também, como um produto comercial. Vamos abordar este último aspecto, mais especificamente a hora da compra.
O vinho tem uma variedade infinita. Há milhares de rótulos a disposição do consumidor. Qual escolher? Para um enófilo inexperiente, a compra pode significar ansiedade e expectativa na escolha de uma boa garrafa.
O “vinho bom” é o que melhor se adapta a seu gosto pessoal, ao seu poder aquisitivo e à ocasião a qual se destina, como temperatura do ambiente, companhia, comida e estado de espírito. Muitos têm como regra o “quanto mais caro, melhor”. Preço, contudo, não caminha par-e-passo com qualidade. É apenas resultado da oferta e procura. Um Romaneé Conti pode custar 10 vezes o preço de um Château Latour. Conclui-se, então, que seja 10 vezes melhor? Não, conclui-se que existem menos garrafas de Romanée Conti disponíveis e/ou mais pessoas dispostas a pagar por elas.
Existem bons vinhos para todos os gostos, bolsos e ocasiões. Vejamos algumas dicas para amenizar suas dúvidas na hora da compra:
Procure uma loja ou importadora com boa variedade. O primeiro aspecto a se observar é a origem. Um produtor renomado garante qualidade, embora nem sempre os preços compensem. Nomes desconhecidos podem ser boas descobertas, mas com uma dose de risco. Não deixe de observar se existem safras recentes, se o estoque está sendo renovado.
A boa conservação é fundamental, desde a origem até a prateleira. Procure garrafas trazidas por bons importadores, em containers climatizados. Os supermercados costumam desligar o ar-condicionado à noite, portanto, cuidado ao adquirir espumantes, brancos e tintos ligeiros nestes locais.
Examine o rótulo. Você não vai beber o rótulo, mas se estiver danificado indica maus tratos à garrafa. Observe como estão sendo conservadas. Não compre se ficaram expostas ao sol. Avalie o líquido na garrafa, compare com outras do mesmo vinho. Se o nível estiver baixo, não compre. Ao achar um exemplar desconhecido a preço atraente, adquira apenas uma unidade para provar.
Olhe a garrafa contra a luz. Repare na cor do vinho, quanto mais escuro mais corpo terá. No caso dos brancos de mesa, uma cor muito dourada, escura, pode indicar que está oxidado. Mas se você observar pequenos cristais boiando e brilhando, não se preocupe, trata-se apenas do bitartarato de potássio – sal que se forma na fermentação e que não tem gosto nem cheiro.
O formato da garrafa pode indicar origem (Bordeaux, Borgonha, Alsacia etc) e também, de certa forma, qualidade. Verifique seu fundo. Em vinhos diferentes do mesmo produtor, quanto maior a concavidade do fundo da garrafa, maior a qualidade do produto. Esta dica ajuda, mas não é infalível, pois há produtos medíocres com garrafas imponentes, e vinhos honestos, mais tradicionais, que ainda não modernizaram suas embalagens.
A safra é muito importante. Tenha em mãos uma tabela de cotação de safras, que pode ser conseguida em catálogos de importadoras ou na internet. A maioria dos vinhos não melhora com a idade, principalmente os brancos. Os de guarda custam mais caro com o passar dos anos, por isso desconfie de safras antigas a bom preço.
Quanto mais específica for a origem melhor. Indicações como “Mis en bouteille à la propreieté” ou “Mis en bouteille au Château” (França), “Imbottigliato all’origine” (Itália), “Erzeugerabfullung” (Alemanha), “Embotellado en el Origen” (Espanha, Chile e Argentina), “Estate Wine” ou “Estate Bottled” (EUA, Austrália, África do Sul e Nova Zelândia), indicam que a bebida foi engarrafada pelo produtor, o que indica qualidade.
Observe no rótulo o destaque que se dá ao nome da região, do vinho, ou do produtor. Quando o nome da região, por exemplo, “Bordeaux”, vem em destaque e o nome do “Château” vem abaixo e mais discreto, pode significar que em Bordeaux este Château não é importante. Mas se o nome do vinho ou do produtor vem acima e com letras maiores, pode significar que este é um dos nomes importantes daquela região.
Procure também experimentar novidades. Só na Itália existem mais de 100.000 rótulos diferentes, por que se limitar aos Chiantis e Valpolicellas?
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