Chianti, um clássico renovado
por Marcelo Copello No mundo inteiro, quando se pensa em vinho típico italiano, o primeiro nome a ser lembrado é Chianti e, quando nos referimos a este ícone, é impossível não lembrar do nome Barone Ricasoli. Tive a oportunidade de entrevistar o barão há alguns anos. Vejam a entrevista e leiam sobre a história deste […]

por Marcelo Copello
No mundo inteiro, quando se pensa em vinho típico italiano, o primeiro nome a ser lembrado é Chianti e, quando nos referimos a este ícone, é impossível não lembrar do nome Barone Ricasoli. Tive a oportunidade de entrevistar o barão há alguns anos. Vejam a entrevista e leiam sobre a história deste clássico italiano.
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As primeiras menções a um vinho com nome de Chianti datam do século XIV, contudo não se sabe ao certo como era seu gosto nos primórdios. O padrão do Chianti moderno foi estabelecido em meados do século XIX por Bettino Ricasoli, conhecido como o Barão de Ferro. Depois de muitas experiências ele chegou à fórmula que serve de base até hoje: 70% da tinta Sangiovese, que dá corpo e cor; 20% da tinta Canaiolo, que contribui com maciez, e 10% das brancas Trebbiano ou Malvasia, que conferem leveza e frescor à mistura. A receita do barão fez sucesso e foi seguida por muitos produtores locais.
À medida que a popularidade do vinho cresceu, sua qualidade caiu e, nos anos 60, Chianti virou sinônimo de líquidos simples, baratos e sem expressão. Como consequência disso os negócios andaram mal para a família Ricasoli, que em 1971 acabou vendendo a vinícola e a marca para uma grande multinacional, que privilegiou a quantidade e não a qualidade dos vinhos. Esta situação viria a ser revertida em 1993 quando Francesco Ricasoli, tetraneto do mítico barão, que trabalhava com fotografia e publicidade, recomprou a marca e reconstruiu o negócio da família. Hoje, dez anos depois, o nome Ricasoli volta a ser associado a ótimos vinhos.
Hoje, os vinhos da Barone Ricasoli estão no Brasil com a INOVINI (www.inovini.com.br). O vinho principal da empresa, o Castello di Brolio é um Chianti “normale” e não um “riserva” – para tal, por lei, precisaria descansar mais um ano na garrafa antes de ser comercializado. Ao ser indagado por que não produz um “riserva”, Ricasoli surpreendeu: “Segundo você, um Château Margaux deveria fazer um reserva? Não quero ser presunçoso, mas o conceito é semelhante. Para o consumidor, a garantia de qualidade é nosso nome, independentemente de ser um reserva, pois reservas medíocres existem aos montes”.
Há quem diga que os Chiantis modernos e mais encorpados, como o Castello di Brolio, perderam sua tipicidade, que era de vinhos jovens, de médio corpo, para acompanhar a macarronada. Ao ser questionado sobre o assunto, Ricasoli disse: “Quando meu tataravô inventou a formula do Chianti, ele já fazia distinção entre Chiantis de consumo imediato e para guarda. O problema é que no século XX, sobretudo nos anos 60 e 70, houve um grande abuso do nome Chianti, engarrafando-se produtos de baixa qualidade. O gosto do consumidor evoluiu nestes últimos 40 anos e Chianti Classico seguiu esta mudança, é mais bem feito, tem mais estrutura e está, certamente, muito melhor”.
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Marcelo Copello (mcopello@bacomultimidia.com.br)