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Por Marcelo Copello, jornalista e especialista em vinhos
Marcelo Copello dá dicas sobre vinhos
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Carne com tinto, o casamento perfeito

A combinação, além de preferência nacional é recomendado pela ciência

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8 Maio 2022, 16h28

A combinação, além de preferência nacional é recomendado pela ciência

 

Por Marcelo Copello

 

Segundo a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, o brasileiro é o terceiro maior consumidor de carne bovina do mundo, com 24,6kg per capita/ano em 2021, após argentinos (36,9kg) e norte-americanos (26,1kg).

 

Talvez o alimento mais citado quando se fala em harmonização com vinho é a carne. Este protagonismo é merecido, um tinto e uma bela carne formam um par sensacional, mas normalmente este casamento é tratado de forma genérica “carne com tinto”.

A realidade contudo é bem mais complexa que isso. Centenas de novos compostos aromáticos se formam nas reações químicas que se processam no cozimento da carne.

Alimentação do gado também faz diferença. Os alimentados com pasto são mais saborosos dos que os alimentados com ração (grãos).  Vamos hoje abrir esta caixa preta dos muitos tipos de carne e seus preparos e seu matrimônio com os vinhos.

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Antes de prosseguir, uma dica

 

Erro: fala-se a proteína e a gordura da carne vermelha amaciam os taninos dos vinhos tintos. Isso é falso. Em uma carne o que amacia taninos é o SAL. Tente comer carne sem sal e o vinho parecerá amargo!

 

Carne Maturada

A carne maturada ganha mais amino-ácidos, acentuando o sabor que chamamos de “Umami”, tem também mais textura e profundidade de sabores e aromas.

Pede tintos encorpados, de clima quente, com bom volume de taninos doces, como os Zinfaldel (Califórnia), Syrah (Chile), Nero d’Avola (Sicilia), Monastrel (Espanha).

 

Carne crua

A carne crua, um tartar por exemplo, terá menos aromas e sabores e será mais ácida. Surpreendentemente ficará melhor com vinhos brancos do que com tintos. Experimente com um bom brancos de médio corpo, rico em aroma e com alguma idade (um bom Chardonnay barricado maduro), ou tintos leves e sem madeira, como um Cabernet Franc (vale do Loire, Brasil) ou um Gamay (França).

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Angus/Kobe/Wagyu

Uma das melhores raças de gado, a Wagyu, traz aromas ainda mais complexos. O gado desenvolve em sua digestão mais terpenos (compostos aromáticos), com notas florais e de especiarias. Desenvolve também notas semelhantes a dos vinhos amadurecidos em barricas de carvalho: defumados, notas animais, além de notas de nozes e cebola. Este tipo de carne desenvolve muitos amino-ácidos, umami, dando volume e textura ao sabor.

Sugiro para este caso tintos de bom corpo (não muito encorpado), rico de aromas, com notas de especiarias e florais, e amadurecidos em carvalho. Que tal um Pinot Noir de maior estrutura do Novo Mundo? Um belo tinto do Dão-Portugal? Um Barbera do Piemonte?

 

Carne grelhada/tostada

A tosta na carne pede taninos jovens e madeira nova nos vinhos. Que tal um Cabernet Sauvignon (um Bordeaux jovem e potente), um Tempraniillo espanhol, ou um Sangiovese da Toscana?

 

Carne cozida em água

A carne cozida perde sua suculência e ganha sabores dos ingredientes que estavam no cozimento. Neste caso pede menos taninosos, tintos mais leves ou mesmo brancos encorpados com acidez moderada ou baixa. A escolha final depende muito dos ingredientes com os quais a carne foi cozida – uma dica é observar os aromas dos destes ingredientes.

Sugestão de vinhos: tintos mais leves e sem madeira ou mesmo brancos, como Valpolicella, Gamay, Riesling da Alsacia

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Carne cozida em vinho

Um de meus pratos prediletos é carne longamente cozida em vinho, por horas.  A carne cresce, pega muito sabor, sua textura fica macia, quase pegajosa e muitas vezes até se desfaz. Este preparo pede vinhos potentes, ricos, estruturados, como um Amarone (Venato-Itália), um Syrah Australiano ou um Alentejano da casta Alicante Bouschet.

 

Carnes de Caça

Nas caças as palavras chaves são “complexidade” e “especiarias”. Tente vinhos com longo amadurecimento em madeira mas ao mesmo tempo mais maduros e delicados, de safras mais antigas se possível. Barolo, Babaresco (Itália), Borgonha, Hermitage (França), Rioja (Espanha).

DICA: para temperar carnes de caça e torná-las ainda mais amigos do vinho use para temperar uma infusão feita em azeite com canela, gengibre e cardamomo.

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