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Vinoteca

Por Marcelo Copello, jornalista e especialista em vinhos Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Marcelo Copello dá dicas sobre vinhos

Amarone cresce e conquista o mundo

Feito com uvas ressecadas e ganhando muito corpo, o grande tinto do Vêneto tem fãs em todo o mundo.

Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
8 nov 2024, 05h00
Amarone
 (shutterstock/Divulgação)
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A tradição do apassimento – fazer vinhos a partir de uvas ressecadas, como passas, é milenar em toda a Europa. O Recioto, tinto do Vêneto, norte da Itália, é produzido desde antes da civilização romana, com uvas apassitas, que secam em esteiras por 3-4 meses antes de sua fermentação, que é interrompida antes que todo açúcar natural da uva se transforme em álcool, gerando um vinho doce.

 

O Amarone teria sido “inventado” ao acaso, quando o Recioto acidentalmente fermentou até o final, gerando um vinho sem a doçura e esperada e por isso batizado de Amarone (amargão), com teores alcoólicos que vão de 14% (mínimo por lei) podendo ultrapassar os 18%.

 

O primeiro Amarone teria sido feito em 1938 pela Cantina Negrar e lançado como um “Recioto seco”. Somente em 1953 foi chamado de Reciotto Amarone e hoje apenas Amarone, que ganhou sua DOC em 1990 e DOCG em 2010.

 

61% da produção de Amarone é exportada, principalmente para Estados Unidos, Canadá, Suíça e Reino Unido. Ao Brasil cabem apenas 2%, embora não faltem admiradores por aqui. Um fenômeno recente é o aumento exponencial em sua produção.

 

Valpolicella, Ripasso, Amarone e Recioto são 4 categorias de vinho produzidas da mesma região demarcada, a região de Valpolicella, variando apenas em seu processo de produção.

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A área plantada em Valpolicella foi de 4,9 mil hectares em 1997 para 8,6 mil em 2022. Este aumento de 175% reflete a fama crescente do Amarone em todo o mundo e a relativa facilidade em no aumento da produção – já que a região é grande e este é um vinho baseado em um método de elaboração e não em sua origem dentro da região. Ou seja, enquanto na Borgonha por exemplo, a categoria ais alta, os Grande Crus, representam 2% da produção e jamais terão sua produção majorada, pois se baseiam no vinhedo de origem, na DOC Valpolicella é possível fazer Amarone em qualquer lugar, desde que sejam seguidas as regas do apassimento. Hoje a produção de Amarone representa uma fatia grande do total da região (25%), enquanto Valpolicella 26%, Ripasso 48% e Recioto menos de 1%. Como consequência a qualidade do Amarone é bastante irregular.

 

Outro fato curioso sobre o Amarone é o grande número de imitações. Muitos vinhos ao redor do mundo são produzidos com inspiração neste gigante do Vêneto, com uvas pacificadas, algumas vezes até utilizando ilegalmente o nome Amarone ou falsificando o conteúdo das garradas. Somente em 2022 foram registrados 21 processos legais neste sentido.

 

Outro dado recente é que na tradicional composição de uvas do Amarone houve uma mudança recente, a Molinara (que traz acidez aos cortes) deixou de ser obrigatória. Hoje A composição por lei é: Corvina (de 45% a 95%), Convinona (que agrega muito corpo, pode substituir a Corvina em até 50% do blend), Rondinella (de 5% a 30%) e outras variedades aprovadas em um máximo de 25%.

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O sabor do Amarone é bem característico. São vinhos encorpados, muito alcoólicos, com textura muito macia, uma ponta de doçura (teores normalmente entre 5-7 gramas de açúcar por litro), aromas de passas, de especiarias, trufas negras, glicerina, e leve ponta de amargor no fim de boca. À mesa Amarone fica maravilhoso com pratos saborosos, como pato laqueado, ossobuco, carnes cozidas em vinho em geral, paleta de cordeiro, strogonoff e fígado acebolado.

 

 

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