Uma tarde em Veneza com jovens nerds e Paulo Coelho
Viajar é sempre uma delícia, uma das coisas que mais gosto de fazer na vida. Viajar com direito a uma megafesta em um castelo lindo em Bassano del Grappa, na Itália, recepcionada por ninguém menos que Paulo Coelho, é melhor ainda, né? Através do Wiled, um amigo em comum, tive a chance de ser convidada […]

Viajar é sempre uma delícia, uma das coisas que mais gosto de fazer na vida. Viajar com direito a uma megafesta em um castelo lindo em Bassano del Grappa, na Itália, recepcionada por ninguém menos que Paulo Coelho, é melhor ainda, né? Através do Wiled, um amigo em comum, tive a chance de ser convidada para a festa que o escritor promove há 25 anos em homenagem a São José. Este ano, a comemoração ainda celebrou o lançamento da caneta Alchemist, da marca Montegrappa. Foi uma noite animada, repleta de sorrisos, gente bacana e emoção. Sim, fez chorar o momento em que orações a São José foram rezadas em várias línguas por convidados do mundo todo.
Depois de Bassano Del Grappa… Veneza. Saindo de um restaurante onde comi o melhor Espaguete à Carbonara da minha vida, dei de cara com Paulo e sua mulher, a simpaticíssima artista plástica Cristina Oiticica, em plena Praça São Marco. Gentil, o autor de “O Aleph” nos convidou para um passeio pela noite veneziana. Vida dura, muito dura… Flanamos e falamos da vida, de literatura, da Itália, de comida, de viagens… Uma delícia ouvir as muitas histórias do escritor numa das cidades mais lindas do mundo.
No manhã seguinte, de novo esbarramos com eles – dessa vez no lobby do hotel – e fomos dar uma volta para ver Veneza sob a luz do dia. E foi então que conheci um outro lado do Paulo Coelho. Um Paulo Coelho que, apesar dos milhões de livros vendidos ao redor do globo, ainda tem alma de escritor iniciante.
Ao entrar em uma pequena livraria, bem escondidinha, ele apresentou-se assim, em italiano:
– Olá, eu sou o Paulo Coelho. Tudo bem?
A cara das duas mulheres, provavelmente as donas do lugar, foi impagável. Elas não sabiam se riam ou se choravam, se ligavam para os amigos para contar quem estava à sua frente ou se pegavam a câmera fotográfica. Estavam chocadas, embevecidas. Foi emocionante ver o impacto que causou nelas o gesto simples do escritor. Sem ação e sem muitas palavras, elas ficaram ainda mais boquiabertas com o que ele disse a seguir:
– Querem que eu autografe algum livro pra vocês?
Rapidamente elas trouxeram todos e ele autografou um a um.
Um dos autores mais vendidos de todos os tempos, consagrado em todo o mundo, ainda age como eu sempre digo nas minhas palestras que um autor iniciante deve agir: visitando livrarias, conversando com vendedores, gerentes, livreiros.
Saímos dali e fomos em direção à praça. Enquanto caminhávamos, ele foi abordado algumas vezes por fãs e era sempre muito atencioso, fossem eles brasileiros, americanos, italianos ou iranianos. Achei lindo.
Quando o Paulo começava a me contar sua história com o pessoal do site Jovem Nerd, ele parou no meio da rua e gritou bem alto:
– Lambda! Lambda! Lambda!
Levei um susto…
É uma espécie de grito de guerra dos nerds do site Jovem Nerd, que estavam na Itália por conta da festa e de uma interessantíssima conexão com o escritor (vejam aqui). Eles estavam na nossa frente.
Fomos todos tomar um cappuccino no Florian, o café mais antigo de Veneza, e eles contaram, tintim por tintim, como começou sua relação com Paulo. Essa história é ótima, mas mais não conto. Só conto uma coisa: ainda tem Silvester Stallone no meio. Só indo no site deles pra matar a curiosidade. Vale a pena.
Respeito a opinião de quem não gosta dos livros de Paulo Coelho, assim como respeito quem não gosta dos meus. Mas sua importância para a divulgação da literatura brasileira no mundo é inegável. Ninguém fez mais do que ele, os números não mentem. As portas que o escritor abriu para outros autores brasileiros continuam lá. Quem quiser que corra atrás.
Abaixo, dois momentos desse encontro especial: