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Thalita Reboucas

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Blog da Thalita Rebouças

Smartphones, bom senso e Marisa Monte

Sempre gostei de uma frase atribuída ao John Lennon: “a vida é o que acontece enquanto você faz planos”. Outro dia, no Facebook, dei de cara com uma prima dela: “A vida é o que acontece enquanto você está no celular”. Concordei na mesma hora. Sou do tempo em que o telefone de casa demorava […]

Por thalita
Atualizado em 25 fev 2017, 19h20 - Publicado em 31 ago 2012, 17h45

Sempre gostei de uma frase atribuída ao John Lennon: “a vida é o que acontece enquanto você faz planos”. Outro dia, no Facebook, dei de cara com uma prima dela: “A vida é o que acontece enquanto você está no celular”. Concordei na mesma hora. Sou do tempo em que o telefone de casa demorava para dar linha, sou anterior ao surgimento dos CDs (meu Deus, anterior aos CDs!) e andei por aí com aquele celular que pesava uma tonelada, parecia um tijolo a e era apenas um… telefone. Hoje, munido de câmera que filma e fotografa e com acesso à Internet e suas viciantes redes sociais, esse aparelhinho que carregamos pra cima e pra baixo não é mais um telefone, é o mundo na palma da mão, uma engenhoca realmente incrível, mas que também pode ser bastante inconveniente.

Ainda não existe um manual de bons modos sobre como usar o smartphone, essa invenção magnífica sem a qual não conseguimos mais viver. Mas será que um pouco de bom senso já não bastaria? Narro a seguir um episódio que mostra como os celulares de uns podem ser um grande incômodo para outros.

A casa de shows estava lotada para ver a estreia de Marisa Monte (aliás, se tem alguém que merece o título de diva, esse alguém é ela. Que voz, que presença de palco, que talento, que figurino, que repertório, que corpo. Bateu até uma invejinha off-white. Gente, que braços são aqueles? E as costas?! E ela ainda é magra! E alta! E sensual! E elegante! Viva Marisa!). Ao soarem os primeiros acordes da primeira música, a pessoa que estava na minha frente levantou o celular. Vai tirar uma foto, pensei. Não, não tirou. Ela filmou a performance da Marisa. E continuou assim por mais três músicas. A luz emitida pelo aparelho atrapalhava a minha visão do show, mas a cinegrafista amadora sequer percebia — ou fingia não perceber. Ok, vou ser justa com ela: outras pessoas faziam o mesmo.

Na quinta música não aguentei e reclamei. Ela gentilmente botou o celular de lado. Mas aí a Marisa começou a cantar o que parecia ser a música favorita da minha vizinha de show. Perdi! Lá veio o celular de novo atrapalhar a apresentação que eu tanto queria ver ao vivo (não pela telinha da pessoinha na minha frente). Dessa vez ela sabia que estava incomodando, mas e daí?

Não posso deixar de comentar que a falta de respeito com vizinhos de show, claro, é muito anterior aos smartphones. Na mesa ao lado da minha, ainda no show da diva (pobrezinha de mim!), quatro mulheres conversavam alegremente e, para que pudessem se ouvir, falavam mais alto que aquela música que insistia em atrapalhar a fofoca fenomenal. Falavam como se estivessem num Baixo Gávea lotado e sobre os mais diversos assuntos. Pior! Uma delas tinha voz de barítono. Barítono bêbado. É! Eu e meu marido olhamos insistentemente para o grupo. Não adiantou. Ele precisou dizer:

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– Vamos tentar ouvir a Marisa, gente?

Só então elas passaram a sussurrar.

Voltando à falta de educação tecnológica, ainda vi, algumas mesas à minha frente, um indivíduo fotografar com um Ipad. Um iPad! Obviamente, isso atrapalha bem mais a visão de quem está atrás do que a luz da tela de um smartphone, mas o feliz proprietário do tablet não estava nem aí. Ele também precisou levar uma chamada e irritou-se com quem reclamou, só se acalmando quando as pessoas que o acompanhavam deram razão a quem queria apenas, veja só, oh, meu Deus, que absurdo!, assistir ao show. Inacreditável.

Para terminar de forma leve este pequeno desabafo, você que está lendo este blog não pode deixar de ver Marisa Monte. O show é lindo, absolutamente mágico e imperdível. E se quiser deixar o celular de lado enquanto a diva canta e encanta, melhor ainda. Quem estiver atrás vai agradecer. E você, aposto, vai se lembrar (e talvez até se surpreender): existe diversão sem celular.

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