Maldita lei da gravidade
A minha bunda caiu. Do nada. De repente. Assim, sem avisar, sem nem uma preparação, uma conversa, uns tapinhas no ombro, um chororô. Fui dormir com ela redondinha e alegre, acordei com ela esparramada, triste, alasanhada (em forma de lasanha: quadrada e compacta). Em frente ao espelho, que até então era amigo meu, assisti calada […]
A minha bunda caiu. Do nada. De repente. Assim, sem avisar, sem nem uma preparação, uma conversa, uns tapinhas no ombro, um chororô. Fui dormir com ela redondinha e alegre, acordei com ela esparramada, triste, alasanhada (em forma de lasanha: quadrada e compacta). Em frente ao espelho, que até então era amigo meu, assisti calada e estupefata ao bizarro espetáculo das duas bandas despencando rumo ao chão.
A minha bunda caiu, e não, não é exagero. Não me venha com conselhos, dicas ou palavras doces, não me venha com aquele papo ridículo de “quem liga para bunda?”. Eu ligo para bunda! O meu marido liga para bunda. Mulheres ligam para bunda (principalmente para a bunda alheia). O Brasil inteiro liga para bunda. Bunda é tudo nesse país de bundas! É só pensar na abundância de bundas famosas: Nicole Bunda Bahls, Valeska Popozuda, as bundas com nome de fruta, Gretchen… Gretchen? Será que ela ainda é sinônimo de bunda? Hum… Vamos ao próximo parágrafo.
A minha bunda caiu. E, admito, não foi à toa. Eu não fui nada bacana com ela nos últimos anos. Comi de tudo, enchi a cara de refrigerantes, açúcar, massa, pão, salgadinhos, chocolate… tudo que engorda. Depois não fazia nada para gastar as calorias. Sedentarismo mais comida só pode dar em bunda caída. Não tem jeito.
A minha bunda caiu. E isso dói. Dói fundo, dói de verdade. Dói mais ainda olhar no espelho e ver que a tal da lei da gravidade veio pra ficar. E eu sou tão nova! Tudo bem, nem tão nova, mas, poxa, a bunda podia ter um prazo de garantia maior. Podia começar a cair lá pelos 46 anos. Que mundo injusto e cruel!
A minha bunda caiu, como previram minhas amigas mais velhas. Uma delas costuma dizer: “depois dos trinta é ladeira abaixo”. Outros amigos, mais otimistas, confortam-me alardeando os benefícios da malhação, da lipo, da força de vontade…
A minha bunda caiu. Mas lipo nem pensar! Força de vontade eu tenho, e muita. Faz sete meses que comecei a malhar com uma personal incrível e minha bunda está dando sinais de vida. Ela não morreu! Viva a minha bunda! E viva a minha personal, que consegue o milagre de me tirar da cama pra fazer exercícios — o meu único exercício até então era levantamento de talheres e copos.
A minha bunda caiu, mas o meu humor não. E muito menos a minha esperança. Se o Projeto Bunda Dura Verão 2012 não der certo, tudo bem. Em mim, a alegria abunda.