Uma entrevista com Dominic Dromgoole, diretor artístico do Shakespeare’s Globe, que apresentará Hamlet no domingo (30) e na segunda (1º) no Rio
Em abril passado, o Shakespeare’s Globe, de Londres, iniciou uma ambiciosa empreitada: levar uma montagem de Hamlet, uma das peças mais importantes do bardo inglês, a todos os 205 países do mundo. Com ingressos esgotados desde maio, a etapa carioca da turnê tem duas apresentações, no domingo (30) e na segunda (1º), na Cidade das Artes. […]
Em abril passado, o Shakespeare’s Globe, de Londres, iniciou uma ambiciosa empreitada: levar uma montagem de Hamlet, uma das peças mais importantes do bardo inglês, a todos os 205 países do mundo. Com ingressos esgotados desde maio, a etapa carioca da turnê tem duas apresentações, no domingo (30) e na segunda (1º), na Cidade das Artes. O blog conversou com Dominic Dromgoole, diretor artístico da instituição inglesa e também da montagem.
Por que levar Shakespeare para todos os países do mundo?
Parecia uma extensão natural do que já havíamos feito com o Globe to Globe Festival (evento que levou peças do bardo a diversos países) em 2012. E também uma extensão natural do que os atores já faziam no tempo do próprio Shakespeare, excursionando com suas peças por países de língua não inglesa na Europa. Shakespeare não se tornou um autor internacional, ele o foi imediatamente. Espero que esse projeto encoraje outras companhias a fazer o mesmo, a percorrer o mundo com trabalhos de sua própria cultura e celebrar tudo que compartilhamos.
Entre tantas peças de Shakespeare, por que Hamlet foi a escolhida?
Hamlet é fantasticamente rica e variada. E pode falar de formas diferentes para diferentes lugares. Em alguns, vai desafiar, em outros, vai inspirar, em outros vai consolar. E é mais divertida do que as pessoas pensam. Seus temas, relacionados a pais e filhos, rebelião e depressão, são universais. Qualquer um, em qualquer lugar, que se sinta fora do lugar no mundo e esteja tentando criar um novo futuro vai reconhecer algo de si em Hamlet.
O papel de Hamlet é dividido entre o nigeriano Ladi Emeruwa e o inglês de origem paquistanesa Naeem Hayat (foto acima). Os demais atores também são diferentes lugares do mundo. Por que a escolha por um elenco multiétnico?
Parecia o certo a fazer. Temos tido a sorte de hospedar atores de todo o mundo nos últimos anos, e começamos a perder as fronteiras regionais de quem pode fazer qual personagem. Achamos que deveríamos seguir nessa linha. Hamlet tem um talentoso elenco internacional, diversas pessoas de culturas diferentes e tradições teatrais que se unem, trazendo ideias diferentes.
O que Hamlet tem a dizer para as plateias de hoje?
É algo chocante o quão relevante, pertinente e poderoso Hamlet ainda é. Acho que Hamlet fala para todos os países e para todas as gerações. Como um ser humano incansavelmente perseguindo o futuro, o moderno e o novo. E acho que cada geração tem um desejo de subverter o velho e encontrar um novo entendimento. Hamlet fala sobre isso.