Uma conversa com o comediante Fabio Porchat, à frente de um drama baseado em conto de Cortázar a partir de quinta (8)
Um dos contos reunidos no livro As Armas Secretas (1959), do argentino Julio Cortázar, Os Bons Serviços ganha uma adaptação teatral que estreia na próxima quinta (8), no Espaço Rogério Cardoso da Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema. Sozinha em cena, Regina Gutman (abaixo) vive Madame Francinet, uma faxineira aposentada na Paris dos anos […]

Um dos contos reunidos no livro As Armas Secretas (1959), do argentino Julio Cortázar, Os Bons Serviços ganha uma adaptação teatral que estreia na próxima quinta (8), no Espaço Rogério Cardoso da Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema. Sozinha em cena, Regina Gutman (abaixo) vive Madame Francinet, uma faxineira aposentada na Paris dos anos 50, que recebe uma proposta da família em cuja casa trabalhou durante anos: comparecer a um velório fazendo-se passar pela mãe de um parente recém-falecido.
Para um texto de tintas dramáticas, é uma surpresa quem assina a direção: o comediante Fabio Porchat. “A Regina me falou que amava um conto do Cortázar e que seu sonho era montá-lo no teatro. Li, me interessei e percebi que ela era a personificação da Madame Francinet. Sugeri a ela fazermos do conto um monólogo e caímos dentro”, resume Porchat, que já havia escrito e dirigido um drama, Palavras na Brisa Noturna, baseado no livro As Boas Mulheres da China, de Xinran Xue.
O blog conversou rapidamente com o diretor. Confira.
Como é o seu estilo de direção?
Tudo o que eu aprendi, aprendi com a diretora Celina Sodré. Ela trabalha com ação física e com a verdade absoluta do ator. Precisão de movimentos e partitura de ações. Gosto que tudo parta do ator, é mais natural que venha dele, o ator/criador. O diretor é apenas um observador privilegiado que, de fora, consegue selecionar o que foi proposto.
Você ficou conhecido como comediante, mas tem uma formação e até trabalhos profissionais em dramas. O que essas experiências agregam ao seu trabalho?
Eu gosto de boas histórias. Dramáticas, cômicas, não importa, o que importa é que a história me toque. O bom do drama é a falta de obrigação de uma reação imediata da plateia que no humor é o riso. Eu me sinto me exercitando quando trafego por outras searas. Já dirigi, escrevi e atuei em peças com carga mais dramáticas e realmente elas são mais desafiadoras pra mim, no sentido de me tirarem da minha zona de conforto.
Para quem faz humor com tanta facilidade, há alguma dificuldade extra em fazer drama? Você se sente mais desafiado, no sentido de provar para os outros que também é capaz de transitar por outras searas que não a comédia?
Não tenho muito essa necessidade de provar que eu também sei fazer drama. Eu sou ator, formado pela CAL e sempre disposto a fazer bons papéis. Acho que eu tenho sempre que provar para mim mesmo que sou capaz de realizar determinado projeto.