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Inez Viana escreve texto exclusivo sobre Ariano Suassuna

Nos últimos quinze anos, a trajetória profissional de Inez Viana tem sido recorrentemente marcada por trabalhos relacionados a Ariano Suassuna. Em 1999, ela dirigiu o documentário Cavalgada à Pedra do Reino, sobre a manifestação popular que ocorre anualmente há mais de duas décadas em São José do Belmonte, Pernambuco. A festividade é inspirada nas lendas do […]

Por rafaelteixeira
Atualizado em 25 fev 2017, 18h35 - Publicado em 31 jul 2014, 22h19

Nos últimos quinze anos, a trajetória profissional de Inez Viana tem sido recorrentemente marcada por trabalhos relacionados a Ariano Suassuna. Em 1999, ela dirigiu o documentário Cavalgada à Pedra do Reino, sobre a manifestação popular que ocorre anualmente há mais de duas décadas em São José do Belmonte, Pernambuco. A festividade é inspirada nas lendas do movimento sebastianista e também no livro Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, que Suassuna lançou em 1971 — ele próprio era o narrador principal do documentário. Dois anos depois, Inez criou o Festival Ariano Suassuna, que contou com a presença do criador de O Auto da Compadecida para uma de suas famosas aulas-espetáculo. Ela ainda estaria à frente de outros dois eventos sobre o escritor, sendo o último deles como coordenadora artística de um projeto em comemoração pelos seus 80 anos. Ainda faltava dirigir uma montagem de uma de suas peças, o que aconteceu em 2009, quando estreou As Conchambranças de Quaderna.

O primeiro contato entre os dois, no entanto, veio antes de tudo isso. “Conheci Ariano em 1998, no camarim do Teatro Santa Isabel, no Recife, ao final de uma peça que eu fazia com Arlete Salles e Laura Cardoso. Chegou com Zélia (sua mulher), seu filho Dantas e sua nora Denise. Foi logo contando suas histórias hilárias, e aí me apaixonei”, lembra Inez, a respeito do seu primeiro encontro com o escritor, morto no último dia 23. Nele, a atriz e diretora acabou encontrando no escritor um grande amigo — ou, de certa forma, um pai, como afirma em texto escrito para este blog. Confiram.

Vive Ariano Suassuna!

Desde o primeiro momento em que ele e Zélia entraram naquele camarim, num teatro do Recife, em 1998, uma paixão fulminante tomou conta de mim e sabia que minha vida tomaria outro rumo, teria um outro sentido. E o mundo fantástico e mítico de Ariano Suassuna se abriu diante dos meus olhos, com toda a força e potência criadora daquele ser iluminado. E eu queria dizer ao mundo que ele estava ali, ao alcance de nossas mãos. Que não era apenas dramaturgo, mas também poeta, pintor, ilustrador, professor, compositor, cronista, romancista e criador do Movimento Armorial, enfim, um múltiplo e genial artista que através do seu quintal, falava para o mundo.

E a partir daquele dia, quando voltei pro Rio, tentei espalhar seu nome, dirigindo documentário, produzindo dois festivais, fazendo coordenação artística, virando diretora teatral, com a sua peça As Conchambranças de Quaderna e criando a Cia OmondÉ, junto com dez atores. O tinha mais que um amigo, o tinha como um pai. Sim, sou privilegiada e agradecida!

E foi através dele que conheci sua talentosa família e Carlos Newton Jr., o maior pesquisador de sua obra, que resumiu em uma palavra sua principal característica: a generosidade. Ele tinha a necessidade de transmitir o que sabia, e era para o povo brasileiro que queria falar, levantar sua auto estima, mostrar que temos uma cultura rica, que não precisamos imitar ninguém, e fez disso sua bandeira. Amava profundamente o Brasil Real, e quis conhecê-lo de perto. Nestes últimos anos, não só continuou a escrever, como também percorreu o Brasil de Norte a Sul e de Leste a Oeste, lotou teatros e praças, com suas Aulas-Espetáculos. E ao seu lado, sua incansável musa inspiradora, Zélia Suassuna, a quem ele dedicou toda sua obra e todo seu amor.

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Além de generoso, culto, inteligente, carinhoso era muito, mas muito engraçado. Dizia ser metade Rei, metade Palhaço.

Talvez tenha sido o maior ator que vi conduzir uma plateia, e o que mais recebeu aplausos em cena aberta. Nunca menos que quinze vezes em duas, às vezes três horas de aula, sempre regadas a água de coco, porque água, pra ele, era uma coisa aguada. Tão genial que é, conseguiu, o que para todos nós parece impossível, ser imortal por duas vezes: na ABL e agora, nos nossos corações.

Vive Ariano Suassuna!

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