Imagem Blog

Teatro de Revista

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Espetáculos, personagens, bastidores e tudo mais sobre o que acontece na cena teatral carioca, pelo olhar do crítico da Veja Rio
Continua após publicidade

Guilherme Leme fala sobre seu novo espetáculo, Trágica.3

Três das mais importantes personagens femininas das tragédias gregas desembarcam no Rio a partir da próxima sexta (25). Sob direção de Guilherme Leme, Trágica.3, que estreia no CCCB carioca após uma elogiada temporada em São Paulo, propõe uma releitura contemporânea de Antígona, Medeia e Electra — interpretadas, respectivamente, por Letícia Sabatella, Denise Del Vecchio e Miwa Yanagizawa. […]

Por rafaelteixeira
Atualizado em 25 fev 2017, 18h36 - Publicado em 18 jul 2014, 17h55

Três das mais importantes personagens femininas das tragédias gregas desembarcam no Rio a partir da próxima sexta (25). Sob direção de Guilherme Leme, Trágica.3, que estreia no CCCB carioca após uma elogiada temporada em São Paulo, propõe uma releitura contemporânea de Antígona, Medeia e Electra — interpretadas, respectivamente, por Letícia Sabatella, Denise Del Vecchio e Miwa Yanagizawa. Para compor a montagem, Leme usou um texto com o qual já havia trabalhado — Medeamaterial, do dramaturgo alemão Heiner Müller (1929-1995), escrito a partir de Medeia, que ele encenara como ator nos anos 90 — e convidou outros dois autores: Caio de Andrade responde pela releitura de Antígona e Francisco Carlos, de Electra.

O blog conversou com o diretor sobre o espetáculo. Confiram:

Como surgiu a ideia de juntar essas três personagens em uma mesma montagem e como o espetáculo foi se transformando até adquirir sua forma final? 

Há quatro anos, dirigi o espetáculo RockAntygona, uma leitura sobre o mito Antígona, onde eu colocava o processo de criação diretamente ligado às artes plásticas, ao som eletrônico e ao teatro essencial. Depois desta experiência, ficou em mim a vontade de reler outras tragédias e apostei num desejo antigo de remontar Medeamaterial, do escritor alemão Heiner Muller. Mas dessa vez focando apenas na personagem Medeia. Como só um monólogo curto sobre Medeia não daria uma peça. Foi aí que pensei em juntar mais dois fragmentos poéticos para formar uma trilogia trágica e assim ter um espetáculo consistente e contundente. Chamei os dramaturgos Caio de Andrade e Francisco Carlos para participar comigo dessa empreitada. Eles acabaram escrevendo dois lindos poemas para Antígona e Electra, respectivamente. Partindo da ideia de juntar artes plásticas, música, cinema e arte performática, fomos construindo pouco a pouco nossa estética e dramaturgia cênica. O que temos em cena são três performances distintas onde cada uma delas tem um foco: Antígona dialoga com a experiência sonora, Electra com a expressividade corporal e Medeia mescla palavras e imagens todas tendo sempre a potência da poesia como matéria-prima.

Continua após a publicidade

Em um espetáculo constituído, grosso modo, por três monólogos, a escolha do elenco tem um peso ainda mais decisivo. Como se deu a escolha das atrizes?

As atrizes foram vindo para o projeto como questões do destino, cada uma com sua história pessoal. Em um espetáculo que tem sua formatação feita por performances, o repertório e o processo criativo de cada delas uma é fundamental. Tudo nasce delas. Desde que formulei o projeto com três recortes poéticos sobre essas três mulheres trágicas, eu sabia que Letícia Sabatella seria uma das minhas atrizes. Três anos atrás, quase a dirigi num show-recital que acabou não acontecendo. Na época, eu propus a ela fazermos uma tragédia grega onde ela pudesse cantar também, o que a deixou encantada. Miwa Yanagizawa havia trabalhado comigo em RockAntygona como codiretora. Ela chegou a substituir a atriz Larissa Bracher, que estava grávida, durante temporada paulista da peça. Portanto, Miwa veio pra Trágica.3 com autoridade para novamente olhar comigo uma versão para Electra. E fiquei extremamente instigado ao ensaiar Medeia com Denise Del Vecchio, que juntou a nós no último minuto do segundo tempo, quando Giulia Gam teve que deixar o projeto para cumprir um contrato com a Rede Globo.

Em uma entrevista recente, você disse que existe uma separação entre as atrizes e as heroínas interpretadas, e que elas não são encarnadas pelas atrizes, apenas as atravessam. Você pode falar um pouco sobre isso?

As atrizes trabalham no limite do encontro de suas personagens com suas próprias personalidades. São realmente três performances na mais didática concepção. Quando essa união se concretiza não conseguimos definir ao certo se estamos vendo as heroínas trágicas ou simplesmente Denise, Letícia e Miwa. Os mitos cortam o caráter das atrizes e elas acabam sendo usadas como meio de expressão ou elas mesmas usam as heroínas como ferramentas para suas experiências.

Continua após a publicidade

O que essas heroínas trágicas têm a nos dizer hoje, na sua opinião?

A tragédia grega contém a matéria prima de toda dramaturgia contemporânea, pois tudo está lá, tudo vem de lá. Todo e qualquer personagem que venha dessa inspiração nos é extremamente capital.

Você passou por um tratamento contra um câncer na garganta no ano passado. Duas perguntas: de que maneira isso interferiu no processo de realização de Trágica.3 e de que forma essa difícil experiência mexeu com você, pessoalmente?

Minha doença e principalmente o meu processo de cura foram de grande importância para a criação desse espetáculo. Foram meus medos do mergulho trágico por qual eu também estava passando. Foram meus saltos, quedas e levantes durante meu tratamento. Mas foram, acima de tudo, companheiros da minha vitória física e criativa.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de Rio de Janeiro

a partir de 49,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.