Crítica: Vestido de Noiva
✪✪ VESTIDO DE NOIVA, de Nelson Rodrigues (1912-1980). Encenado pela primeira vez há setenta anos, o clássico drama ganha remontagem. Ainda que sem o mesmo escândalo de outrora, o conflito entre desejo e culpa que está no cerne do texto permanece atual. Andreza Bittencourt vive a protagonista Alaíde, jovem que é atropelada logo na primeira […]

✪✪ VESTIDO DE NOIVA, de Nelson Rodrigues (1912-1980). Encenado pela primeira vez há setenta anos, o clássico drama ganha remontagem. Ainda que sem o mesmo escândalo de outrora, o conflito entre desejo e culpa que está no cerne do texto permanece atual. Andreza Bittencourt vive a protagonista Alaíde, jovem que é atropelada logo na primeira cena. Como na montagem de 1943, a história se passa em três planos: o da realidade, com a moça entre a vida e a morte no hospital, enquanto jornalistas buscam notícias sobre o atropelamento; o da memória, quando ela relembra seu conflito com a irmã Lúcia (Rita Elmor), de quem tomou o namorado, Pedro (José Karini); e o da alucinação, em que imagina um encontro com a cafetina Madame Clessi (Patricia Pinho). Aqui, se optou por uma divisão menos demarcada, com as três situações por vezes se invadindo. O que poderia ser uma bem-vinda ousadia esbarra em um problema: a aparente opção por abolir os meios-tons e amplificar tudo, do ritmo da montagem ao estilo das atuações. Direção de Renato Carrera.