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Espetáculos, personagens, bastidores e tudo mais sobre o que acontece na cena teatral carioca, pelo olhar do crítico da Veja Rio
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“Há uma imensidão de modos de se pensar e fazer teatro para além dos clássicos”. Uma conversa com Isabel Diegues, da editora Cobogó, sobre as suas publicações de textos teatrais

Em um país que já não tem o hábito de ler qualquer coisa, nem mesmo romances, digamos, convencionais, publicar textos de peças teatrais soa como aventura quixotesca. Mas é isso que Isabel Diegues vem fazendo à frente da Cobogó. Desde a criação da editora, em 2008, já foram cerca de vinte títulos publicados, sempre fugindo dos […]

Por rafaelteixeira
Atualizado em 25 fev 2017, 17h57 - Publicado em 6 ago 2015, 16h02

Isabel Diegues (crédito: Tuca Vieira)

Em um país que já não tem o hábito de ler qualquer coisa, nem mesmo romances, digamos, convencionais, publicar textos de peças teatrais soa como aventura quixotesca. Mas é isso que Isabel Diegues vem fazendo à frente da Cobogó. Desde a criação da editora, em 2008, já foram cerca de vinte títulos publicados, sempre fugindo dos cânones: a ideia é privilegiar o teatro contemporâneo, com ênfase em autores brasileiros (já foram lançadas peças de Pedro Brício, Daniela Pereira de Carvalho, Julia Spadaccini, Pedro Kosovski e Daniele Avila Small, entre outros). O mais recente trabalho da editora nessa seara foi a publicação de três peças encenadas pela Cia OmondÉ: Nem Mesmo Todo o Oceano, adaptação da obra de Alcione Araújo por Inez Viana, Os Mamutes e Infância, Tiros e Plumas, ambas de Jô Bilac.

O blog conversou com Isabel sobre a empreitada. Confira:

Como surgiu a ideia de publicar textos teatrais?

A ideia da coleção surge de uma vontade de pensar a escrita teatral em contraponto ao texto literário. Surgiram, nos últimos anos, diversos novos autores escrevendo para teatro, alguns deles apenas dramaturgos, mas outros eram também diretores e atores bastante potentes. Muitas dessas peças eram escritas ao longo dos ensaios, por autores que trabalhavam especificamente com companhias. E essas particularidades da escrita teatral muito me interessaram. Pensando num teatro carioca, no começo do projeto, assistindo às peças e conversando sobre essa força que surgia por aqui, deu vontade de pensar tantos modelos de escrita, tantos caminhos que o teatro vinha traçando. E, acima de tudo, pensar o papel do texto para as peças. Queria provocar a reflexão sobre algumas questões. O que faz um texto precisar da encenação ou prescindir dela? O que de uma peça já está no texto e o que é construído pelo encenador e pelos atores? O que pode e/ou deve ser transgredido quando o texto vira fala e ação? Como indicar os caminhos da encenação no texto? Que espaços existem de construção a partir do texto? E tantas outras ideias que dizem respeito a essa relação do texto com a encenação. Além de tudo isso, queria fazer essas peças circularem onde elas não chegam encenadas, queria poder levar um teatro contemporâneo pra dentro das escolas e universidades. E ampliar o estudo do teatro para além dos textos de Nelson Rodrigues, Shakespeare, Beckett, Brecht, Vianninha e outros poucos que são publicados no Brasil. Há uma imensidão de modos de se pensar e fazer teatro para além dos clássicos e do senso comum e circular esses textos é uma oportunidade de ampliar essas ideias.

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Como tem sido a receptividade a essa linha de publicações?

Fizemos já vinte títulos de teatro e esses livros são festejados por todos que conhecem a coleção. Estão nas principais livrarias dos grandes centros, mas ainda não temos o hábito de ler teatro no Brasil. Bem, infelizmente não temos o hábito de ler de todo. Assim, o lugar em que esses livros circulam com mais potência é nas portas dos teatros, junto às peças e às companhias que os levam em temporada.

Como é feita a seleção de quais peças serão publicadas?

Hoje damos preferência à publicação de peças que estejam em cartaz ou prestes a estrear. Porque é nos teatros que os livros melhor circulam. Escolhemos as peças a partir de um conselho editorial da Cobogó, levando em conta a qualidade dos textos, e, como disse antes, a possibilidade da peça circular, levando consigo o livro. Também levamos em conta se a peça faz parte do repertório de uma companhia de teatro. O que faz com que a peça tenha uma vida longa.

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Textos teatrais parecem ser de interesse apenas de um nicho bem específico. De que forma isso foi levado em conta na decisão de investir na publicação de peças?

A Cobogó publica livros sobre arte e cultura contemporâneas, nas áreas de artes visuais, música, teatro, cinema, etc. O teatro interessa a muita gente e acreditamos que deveria ser muito mais difundido. No Canadá, por exemplo, os textos de teatro são lidos em escolas para incentivar o gosto pela leitura. Por serem textos que podem ser lidos em grupo, tornam a experiência do coletivo mais um ingrediente no incentivo à formação de leitores. Aqui poderia acontecer o mesmo e certamente o número de jovens interessados em ler aumentaria e muito.

Como é a sua relação pessoal com o teatro? Você é uma espectadora assídua?

Tenho o maior interesse pela teatro. Vejo sempre que posso. Muito menos do que gostaria. Trabalho muito e acabo tendo pouco tempo pra tudo que gostaria de ver. E as peças hoje em dia ficam muito pouco tempo em cartaz. E adoro, em especial, ler teatro.

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