Novo rock carioca
Ciro Acioli era uma criança relativamente bochechuda de 10 anos quando interpretou Noel Rosa na infância – foi no musical infantil Garoto Noel, de 1999, escrito e dirigido por sua mãe, a atriz, autora e diretora Karen Acioly. Ele cresceu, trocou as bochechas por costeletas e, desde 2011, voltou aos palcos no papel de vocalista […]

Ciro Acioli era uma criança relativamente bochechuda de 10 anos quando interpretou Noel Rosa na infância – foi no musical infantil Garoto Noel, de 1999, escrito e dirigido por sua mãe, a atriz, autora e diretora Karen Acioly. Ele cresceu, trocou as bochechas por costeletas e, desde 2011, voltou aos palcos no papel de vocalista da banda Tangarás. De Noel ficou só o nome do grupo (inspirado no Bando de Tangarás, conjunto da primeira metade do século passado que reuniu os gloriosos Almirante, Braguinha e Noel). Ciro, Nino Ottoni (guitarra e voz), Miguel Dias (baixo e voz), Pitter Rocha (guitarra) e João Carrera (bateria) fazem rock, com um pé na Inglaterra, a de Beatles, The Kinks, Stones, Blur e Oasis, e outro nas coisas nossas. O primeiro EP chegou às redes sociais em dezembro do ano passado, com cinco faixas, e atraiu a atenção do jornalista Arthur Dapieve, uma enciclopédia musical e botafoguística.
Dapieve gostou particularmente da canção Você Ainda Vai Me Ver com Outra e, em artigo publicado em fevereiro no jornal O Globo, encheu a bola do grupo. No disco que acaba de gravar, mas ainda não lançou, o quinteto acrescentou outras onze composições. Na lista entraram as canções do EP, revisitadas, inéditas próprias e inventivas interpretações para Coroné Antonio Bento (de Luiz Wanderley e João do Vale), imortalizada por Tim Maia, e Being for The Benefit of Mr. Kite, prensada originalmente no LP Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles. Ouça as três clicando aqui, ou ao vivo: atrações musicais do Festival Intercâmbio de Linguagens (FIL), entre espetáculos teatrais e exposições da variada programação do evento, eles se apresentam no Oi Futuro Ipanema, na quarta (25), às 20h – junto com os contemporâneos, também cariocas, do grupo Os Dentes. Antes, na terça (24), nos mesmos horário e lugar, tem mais rock novíssimo: é o dia de Mara Rúbia e Os Azuis.
DOIS DEDOS DE PROSA COM CIRO ACIOLI, VOCALISTA DO TANGARÁS
Onde vocês já tocaram?
Estamos juntos há dois anos e, curiosamente, nosso primeiro show foi no Oi Futuro Ipanema. Abrimos para o Mu Chebabi. Também já passamos por Saloon, Teatro Ipanema, Teatro do Jockey, Casa da Matriz, o pátio da Facha (Faculdade Hélio Alonso). O circuito é esse, não tem muito o que inventar. Na Lapa tocamos num lugar que era reduto de rock alternativo, num dia, e bordel no outro. Foi engraçado.
Como foi o processo de gravação do disco?
O disco tem doze faixas, seis inéditas, duas versões e quatro que já estavam no EP lançado em dezembro do ano passado. Gravamos na Toca do Bandido, estúdio maravilhoso em Jacarepaguá. Chegamos lá, a galera do Milton Nascimento estava gravando. Optamos por fazer ao vivo, todos na mesma sala, com canais diferentes, mas tocando juntos, para não ter corte e colagem. Fica mais orgânico. Hoje neguinho tem mania de afinar a voz do cara depois, acertar aqui e ali usando tecnologia.