Geraldo Vandré na RPG
Há alguns anos, eu e minha cara-metade fizemos sessões de RPG em uma clínica fisioterápica no Flamengo. Foi legal. Mas a história que pretendo contar é outra. Na sala de espera, esbarrei mais de uma vez com Vanja Orico (1929-2015) e Geraldo Vandré, vejam só que insólito. Vanja, cantora e atriz, estrela do filme “O Cangaceiro”, um clássico […]

Há alguns anos, eu e minha cara-metade fizemos sessões de RPG em uma clínica fisioterápica no Flamengo. Foi legal. Mas a história que pretendo contar é outra. Na sala de espera, esbarrei mais de uma vez com Vanja Orico (1929-2015) e Geraldo Vandré, vejam só que insólito. Vanja, cantora e atriz, estrela do filme “O Cangaceiro”, um clássico de 1953. E Vandré, o trovador que balançou a ditadura com uma canção: “Caminhando e Cantando”. Ela era uma senhorinha muito simpática e conversadeira. Ele entrava mudo e saía calado. Eu olhava pro coroa, magro, elegante e silencioso, sempre vestido de branco, tentava puxar conversa e nada. Ele olhava através de mim, parecia que eu era invisível. Um dia, nós dois sentados esperando a vez, dei uma de doido e, mirando o nada como ele, falei em voz alta que gostava muito da trilha sonora dele para o filmaço “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, do Roberto Santos. Ele nada. Eu já tinha desistido quando, sempre encarando o além, Geraldo Vandré falou. Contou que, curiosamente, não assistiu às cenas para compor e sugeriu que, em vez de ser influenciado pelas imagens, teria, ele sim, inspirado, com sua música, o diretor. Depois calou-se e nunca mais disse mais nada. Geraldo Vandré, que fez 80 anos no último dia 12, construiu um repertório admirável, injustamente ofuscado pela fama desmesurada de “Caminhando”.
OUÇA AQUI “RÉQUIEM PARA MATRAGA”, UMA DAS CANÇÕES DO FILME
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=mDvWOxln2Xs?feature=oembed&w=500&h=375%5D