Feras da música instrumental brasileira em um duo diferente

Ary Dias e Fernando Moura em foto de Aloízio Jordão: segundo CD do duo de percussão e piano ganha lançamento hoje na Sala Baden Powell

Por circunstâncias variadas (sorte e felicidade incluídas), escrevo sobre música desde os tempos da Tribuna da Imprensa, nos idos de 1987. Vem mais ou menos daí o contato com o trabalho solo do pianista Fernando Moura, instrumentista requisitado (já acompanhou uma legião, de Marisa Monte ao guitarrista americano Chuck Berry, o pai do rock) e pródigo criador de trilhas sonoras. Pois volta e meia ele reserva um tempo nas dependências de seu Bariri Estúdios para a produção mais autoral. Acompanhei de perto o surgimento de Do Bom e do Melhor (2003), Tudo Piano (2010) e +Piano (2014). Também tive a felicidade de ver nascer a parceria do Fernando Moura com Ary Dias. Mais conhecido como o percussionista do grupo A Cor do Som, Ary é, basicamente, uma fera cuja trajetória inclui a atuação na Orquestra Sinfônica da Bahia e experimentos com Walter Smetak (nascido na Suíça em 1913 e morto em Salvador em 1984, o músico e professor suíço é considerado um dos mentores do tropicalismo), além de serviços musicais virtuosos para nomes como Gilberto Gil, Jorge Ben Jor e Rita Lee. Pois bem: esses dois formaram um pouco usual duo de piano e percussão que deu no disco CosmeDamião (2012) e, agora, em Pros Meninos, CD que ganha show de lançamento hoje, às 20h, na Sala Baden Powell, em Copacabana. Nas doze faixas do álbum e ao vivo (no palco eles contam com a participação do saxofonista Mauro Senise), as harmonizações sofisticadas, jazzísticas, do pianista Fernando Moura, encontram o groove afropop da percussão de Ary Dias. Às vezes – e isso não é pra qualquer um – os papéis se invertem, como acontece em Preparado para Tudo, a faixa de abertura, que você ouve AQUI. Outro tema delicioso, Assim na Tela Como No Céu, que os dois gravaram com Senise no disco, você ouve AQUI. 

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