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Rita Fernandes

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Um olhar sobre a cultura e o carnaval carioca

Tom Jobim: Discos Solo apresenta processo criativo do compositor

Mostra oferece imersão nos doze álbuns solo do maestro, destacando raridades e curiosidades de sua carreira

Por Rita Fernandes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
7 out 2024, 14h49
Aluísio Didier, curador da exposição, e o painel com os 12 LPs solo de Tom Jobim.
O curador Aluísio Didier e o painel com os 12 LPs solo de Tom Jobim. (Divulgação/Divulgação)
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Tanto já se falou de Tom Jobim e tanto ainda há a se dizer. Durante a pandemia, a partir de uma série de entrevistas virtuais entre Paulo Jobim, filho do maestro, e Aluísio Didier, amigo de Tom, surgiu a ideia de uma exposição imersiva que mostrasse ao público detalhes sobre os doze LPs que marcaram a carreira solo do maestro. Gravados entre 1963 e 1994, do primeiro álbum, The Composer of Desafinado Plays, até Antonio Brasileiro, passando por marcos como Wave, Matita Perê, Urubu e outros, são raridades de um dos maiores ícones da música brasileira.

A exposição, que começa nesta quarta (9), no Instituto Antonio Carlos Jobim, no Jardim Botânico, ganhou o nome de Tom Jobim: Discos Solo e promete ao visitante uma experiência imersiva pela trajetória artística de Tom. São apresentados documentos, fotos, gravações, partituras e objetos pessoais, do acervo do próprio Instituto.

O começo de tudo foram as conversas virtuais durante a pandemia, em 2020, entre Paulo e Didier, que revelaram detalhes inéditos sobre o processo criativo do compositor e que acabaram se transformando em documentários. Por trás de cada álbum solo, há uma perspectiva íntima e pessoal sobre o legado musical de Tom Jobim. Os vídeos com as conversas foram editados pelo cineasta Cayo Oliveira, também produtor da exposição, e serão apresentados pela primeira vez.

A curadoria de Didier ilumina momentos importantes da carreira do compositor, como seu encontro com Vinícius de Moraes, que resultou em clássicos eternos da Bossa Nova, e sua colaboração com João Gilberto no LP Chega de Saudade.

“Tom Jobim: Discos Solo é uma homenagem a um artista que não apenas transcendeu fronteiras, mas que continua a influenciar gerações de músicos e fãs ao redor do mundo. A exposição não só celebra a obra solo do maestro, como também convida o público a revisitar e redescobrir a profundidade e a beleza de sua música, sempre atual”, diz Didier. 

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Histórias inusitadas

A exposição traz histórias inusitadas do maestro, lembradas nos documentários, como a da música “Cala, meu amor”. Autor de várias canções com nomes de mulheres, Tom foi procurado por um pesquisador com um projeto de livro sobre as músicas e suas musas inspiradoras: Luiza, personagem interpretada por Vera Fischer na novela Brilhante; Gabriela, personagem de Jorge Amado; O samba de Maria Luiza, a filha caçula, entre outras.

No entanto, o tal pesquisador também pergunta pela “musa” Carla que inspirara a canção do mesmo nome. Tom se surpreende e questiona: “Que Carla?” O pesquisador insiste: “Ora, a da música dos anos 50, “Carla, meu amor”, responde o rapaz. Acontece que a canção se chamava “Cala, meu amor”.

“O pesquisador já havia até se encontrado com a mulher que tinha sido a fonte de inspiração”, diverte -se Paulinho, em um dos bate-papo com Didier.

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Para quem tem interesse na obra e no pensamento de Tom Jobim, recomendo também um filme chamado “3 Antonios & 1 Jobim”, de Dodô Brandão, filmado em 1997 e reeditado em 2017. É uma obra que reúne quatro “Antonios”, intelectuais e pensadores, que dialogam sobre importantes temas de um país chamado Brasil. Uma raridade.

Veja trechos da conversa com Didier:

O que foi mais surpreendente nas conversas entre você e Paulo Jobim que levaram a essa ideia da exposição?

Didier: Paulo conta histórias que os livros não mostram, uma visão do lado de dentro, informações não apontadas nas fichas técnicas. Além disso, as conversas têm um viés musical, já que são feitas por dois músicos. Eu não me lembro disso ter sido feito antes.

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Por mais conhecido e pesquisado que Tom Jobim seja, você diria que há coisas ainda a se conhecer na obra e na vida dele?

Didier: Parafraseando o próprio, Jobim “é fonte que nunca seca”. Na condição de clássico, se tornou eterno por sua arte e sua mensagem precursora pela natureza e pela vida. Ninguém será jamais cem por cento conhecido, sempre haverá algo a ser dito.

Como amigo de Tom Jobim, o que você mais destacaria na personalidade do artista e da pessoa?

Didier: A atenção que ele teve comigo é algo que guardo com carinho. Como artista, a inesgotável lista de gravações e de novas leituras de suas músicas falam por si.

 

Rita Fernandes é jornalista, escritora, pesquisadora de cultura e carnaval.

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