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Por Rita Fernandes, jornalista
Um olhar sobre a cultura e o carnaval carioca
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Dia Nacional do Samba sem o trem que nos leva a Madureira

Pela primeira vez em 25 anos, o Trem do Samba não vai sair, por causa da pandemia. As comemorações serão por live, direto da Portela.

Por Rita Fernandes
Atualizado em 2 dez 2020, 17h45 - Publicado em 2 dez 2020, 17h40

Hoje é o Dia Nacional do Samba e pela primeira, no ano em que completaria 25 anos, o Trem do Samba, que nos leva direto da Central do Brasil para Oswaldo Cruz, não vai sair. Dá um aperto no coração não ter como comemorar da forma como a gente gostaria, mas é absolutamente necessário mantermos ainda as regras de isolamento para dar um freio nessa pandemia. Para celebrar a data, Marquinhos de Oswaldo Cruz vai juntar um timaço hoje à noite na quadra da Portela, em uma live com nada mais, nada menos que Jorge Aragão, Monarco, Nelson Sargento, Noca da Portela, Zé Luiz do Império, Tia Surica, Marquinhos Diniz, Gilsinho e Marlon Sete.

Quem já teve oportunidade de embarcar naquele trem sabe o que a gente está perdendo com a não realização do projeto nesse ano tão atípico. Cada vagão leva representantes de diferentes escolas de samba, com suas cantorias, e tem o vagão da Vila, do Salgueiro, mas os que vão lotados mesmo são os que abrigam os sambistas de Madureira. O vagão do Império Serrano e o da Portela disputam as atenções dos sambistas, do público e dos jornalistas. É um monte de gente amontoada – e não dá pra ser diferente – e uma cantoria de elevar a alma ao divino. A gente não se sente num trem, se sente no céu. É uma experiência que não tem igual, nem substituição.

Quando o trem chega em Oswaldo Cruz – bairro adjacente à Madureira, onde fica a antiga quadra da Portela – parte-se para uma maratona de shows pelas praças, entre os diferentes palcos montados, além, é claro, das canjas que vão rolando nos botequins do entorno. É samba pra tudo quando é lado!

Paulo da Portela costumava fazer o roteiro do samba em Madureira
Paulo da Portela, Heitor dos Prazeres, Gilberto Alves, Bide e Marçal, nos anos 1920. (Departamento Cultural da Portela/Estúdio ABC)

É na Praça Paulo da Portela, em frente a Portelinha, que se reúnem os mais tradicionais. É ali que mora o samba carioca, sem tirar o brilho de outras paradas como Mangueira e Vila Isabel. Mas é que a alma do samba parece que encontra pouso naquele lugar.

Hoje, não faremos o caminho que Paulo da Portela — um dos fundadores da escola azul e branca — fazia nos anos 1920, quando saía do trabalho e que seguia pelas ruas e botequins do bairro para apreciar o samba. Mas, mesmo sem estar lá, vamos reverenciar das nossas casas Seu Paulo, Cartola, Noel Rosa, Candeia, D. Ivone Lara, Clementina de Jesus, Clara Nunes, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, João Nogueira, Arlindo Cruz e tantos outros. Momento especial, inclusive, para relembrar Cartola, que nos deixou há 40 anos. São muitos os que merecem ser lembrados e reverenciados no dia de hoje, para celebrar o que Donga nos deu de presente em 1917: o samba!

Viva ele, que nos representa tanto nesse nosso Rio de Janeiro, e que tem sido perpetuado também por um time de gente nova que vai mantendo acesa essa chama. O samba estará pronto para voltar às ruas quando tudo isso passar, e que venham mais Dorinas, Marinas, Moyseis, Casuarinas e tantos outros, herdeiros dessa linhagem e que nunca deixarão o samba morrer.

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A live de hoje será transmitida canais Fitamarela e Trem do Samba, no Youtube e no Facebook. Inscreva-se lá!

 

Rita Fernandes é jornalista, presidente da Sebastiana e pesquisadora de cultura e carnaval.

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