Tem carimbó e menu degustação paraense nas ruas do Riachuelo
Rua de lazer no bairro e restaurante de comidas tradicionais viram point cultural, com danças e comidas do Pará. Domingo tem roda com Afroribeirinhos
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11 fev 2022, 16h39
Se você gosta de novidade e ritmos brasileiros, pega a saia de chita e segue pro bairro do Riachuelo, na zona norte do Rio, no próximo domingo, dia 13. Vai ter carimbó paraense na Rua Vitor Meireles, onde fica o bar e restaurante Pescados na Brasa, especializado em comida regional. Para entrar no clima, a música estará sob o comando do grupo Afroribeirinhos, que começa a se apresentar a partir de 14h na rua que é fechada para lazer aos domingos. O público mais animado pode vestir as saias de chita e cair na roda, como manda a tradição.
E tem novidade na mesa. O Pescados na Brasa está lançando seu menu degustação, para quem tem vontade de experimentar um pouquinho de cada coisa da gastronomia paraense. Com versões reduzidas das comidas típicas servidas na casa, a tábua vem com tacacá, maniçoba, vatapá paraense, açaí, farinha d’água, camarão seco e costelinha de tambaqui (R$ 94,90). Aí ninguém fica indeciso na hora de provar as delícias do Pará.
“Tem várias opções que muitos cariocas não conhecem, é uma ótima oportunidade para experimentar. E, para quem adora todos os pratos, aproveitar um pouquinho de cada um e poder explorar os sabores do menu”, conta Adriana Veloso, cozinheira e sócia do Pescados na Brasa, junto com o marido Júnior.
As novidades não param por aí. O casal, que está comemorando os dois anos do restaurante, ela na cozinha e ele na churrasqueira, promete curiosidades gastronômicas como sopa e unha de caranguejo. Além, claro, do cardápio fixo com os peixes do Norte, feitos na brasa, como tambaqui, pirarucu e pintado. Não faltam também os pratos clássicos, como o arroz paraense (arroz com tucupi, jambu e camarão seco) e a caldeirada, e outros como hambúrguer de tambaqui e pudim de açaí. As caipirinha de limão com jambu e de cupuaçu são os destaques na parte dos drinques. Lembre-se, no entanto, dos efeitos de dormência na boca provocados pelo jambu, uma fruta típica do Pará.
O bar e restaurante, junto com a roda de carimbó, realizada uma vez por mês e aberta a todos os visitantes, está revitalizando a região, conhecida como “Baixo Riachuelo”, com suas mesas espalhadas na calçada e a rua fechada aos domingos. Tudo com o colorido dos tecidos de chita – usado nas saias das dançarinas –, das pinturas marajoaras nas paredes e as bandeiras dos principais times de futebol do Pará. Uma experiência incrível para navegar pela cultura de lá.
Adriana e Junior, sob as tradições do Pará
O tempero dos peixes é dele e as receitas da cozinha são dela. Adriana Veloso e José Maria (o Júnior) saíram do Pará e vieram para o Rio de Janeiro há oito anos: ele, restaurador de artes barrocas, veio a trabalho, e ela veio acompanhando o marido. Os peixes que o Júnior levava para os churrascos dos amigos eram muito cobiçados. O sucesso foi tanto que, incentivados por eles, os dois começaram a fazer os peixes na brasa, além de acompanhamentos para vender num estacionamento da Av. 24 de Maio, no Riachuelo, em agosto de 2019.
Em poucos meses, o movimento cresceu muito e os clientes paravam para beber e papear, enquanto esperavam a comida, fazendo dali um “point”. Foi assim que o casal saiu em busca de uma casa para expandir o negócio, no mesmo bairro. Nasceu o Pescados na Brasa, em novembro de 2019. O que era um complemento de renda acabou virando um restaurante, sonho da Adriana há muitos anos – ter uma “peixaria”, como são chamados os restaurantes de peixe em Belém.
O Rio de Janeiro é isso, um estado que acolhe e recebe toda a cultura brasileira. Mas, o mais interessante, é que tudo acaba nas ruas, com esse jeito de ocupar um lugar tão sagrado para quem tem a alma carioca.
Vai lá e aproveita!
Rita Fernandes é jornalista, escritora, presidente da Sebastiana e pesquisadora de cultura e carnaval.
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