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Rita Fernandes

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Um olhar sobre a cultura e o carnaval carioca
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Bailes charme lotam espaços: conheça o Black Bom e o Viaduto de Madureira

Com bailes e aulões de dança para quem quer aprender, os dois projetos são os principais espaços da Black Music no Rio

Por Rita Fernandes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 24 jun 2024, 14h49 - Publicado em 24 jun 2024, 14h17

Passinho pra lá, passinho pra cá e nas carrapetas Beyoncê, Rihanna, Michael Jackson, Donna Summer. Os famosos bailes charme estão pela cidade, um tipo de festa em que a dança deixa sua marca, embalada por ritmos como soul, funk, disco e rhythm and blues.

No Rio de Janeiro, inspirados nos bailes blacks dos anos 60 e 70, dois projetos chamam a atenção. O Baile Black Bom, comandado pelo casal Sami Brasil e Antonio Consciência, começou na Pedra do Sal, em 2013. Dez anos depois, é uma referência que hoje ocupa importantes espaços. No Renascença, por exemplo, o baile reúne mais de mil pessoas – o próximo acontece no dia 27 de julho. Antes disso, no dia 6, tem o baile no Museu do Amanhã.

Desde os anos 1990, todo sábado tem o Baile do Viaduto de Madureira – o mais antigo e conhecido da cidade –, com seus DJs residentes e outros convidados, além de atrações em datas especiais, a preços populares. Em 2013, tornou-se patrimônio imaterial da cidade do Rio de Janeiro, como parte da cultura black dentro e fora do estado.

A origem do baile do Viaduto de Madureira remonta a um bloco de carnaval. Quatro amigos, Leno, Pedro, Edinho e Xandoca, se organizaram e fundaram o bloco carnavalesco “Pagodão de Madureira”, que acontecia ali na parte inferior do Viaduto Negrão de Lima. Depois, como parte de um movimento da cultura negra, veio o baile charme.

O termo “charme” foi criado pelo DJ Corello nos anos 1980, em um baile no clube Mackenzie, no Méier. Corello convidava: “Chegou a hora do charminho, transe seu corpo bem devagarinho”. Essa história do “charminho” ficou na cabeça das pessoas, e elas passaram a falar: “agora eu vou pro charminho, vou ouvir um charme”. Corello é, até hoje, o mais conhecido Dj de charme.

A cultura da Black Music – música, moda, comportamento

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Os bailes charme da década de 1970 eram eventos de dança muito populares nas comunidades negras nos Estados Unidos, especialmente em cidades como Nova York, Chicago e Filadélfia. Foram parte importante da cultura da música soul e do movimento da música negra da época.

Conhecidos por sua música vibrante e animada, incluindo gêneros como soul, funk e disco, reuniam pessoas em salões de dança ou em espaços comunitários. Os DJs desempenhavam um papel fundamental nestas festas, selecionando cuidadosamente as músicas e criando um ambiente animado e energético.

A moda também era uma parte importante dos bailes charme dos anos 70. As pessoas se vestiam com roupas elegantes e estilosas, com destaque para peças como calças boca de sino, blusas com estampas coloridas, coletes, vestidos longos e saias rodadas. Os penteados afro também eram bastante populares, com homens e mulheres exibindo cabelos volumosos e estilizados.

Além da música e da moda, os bailes charme tinham uma forte dimensão social. Eram lugares de encontro para a comunidade negra, onde as pessoas podiam se conectar, socializar e expressar sua cultura de forma vibrante e abençoada. Esses bailes eram frequentemente vistos como espaços de empoderamento e celebração da identidade negra.

Aulões de dança

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Ambos os projetos se constituem em mais do que bailes charme. O Black Bom é uma ocupação cultural do espaço urbano para a valorização da cultura negra, como se auto definem. E foi no Quilombo da Pedra do Sal, na região portuária do Rio de Janeiro, que se estabeleceram em 2013, com aulas, feira de artes e festa. O projeto arrasta multidões mensalmente levando cultura gratuita para as ruas cariocas e para além delas. O Black Bom ganhou estrada, com agenda cheia em São Paulo e Belo Horizonte, entre outras capitais.

Para Sami Brasil, idealizadora do Black Bom, o que traz essa consolidação é a seriedade e continuidade da cultura black e também o fato de trazerem para perto a coletividade, em tudo o que propõem. “Abrangemos pessoas de todas as idades , num grande encontro de gerações. Essa continuidade, pensamos dentro e fora do grupo, por isso temos buscado novos personagens. Trazendo pra família Black Bom uma juventude potente! E também temos perto os mais velhos, tanto na equipe quanto como apoiadores e conselheiros”, afirma.

Realizado no Espaço Cultural Rio Hip Hop Charme, que é a casa do famoso Baile Charme do Viaduto de Madureira, o Rio Charme Social é um conjunto de oficinas de dança, que surgiu a pedido dos próprios frequentadores do baile. As oficinas desenvolvem habilidades básicas para que os alunos possam dançar e aprimorar questões como coordenação motora e noções de posicionamento. O projeto é sem fins lucrativos e as aulas são gratuitas.

Os ritmos dos bailes charme são realmente uma delícia, mas quem não sabe dançar pode se sentir meio peixe fora d´água. Então, para quem quiser se aventurar, a turma do Black Bom e do Viaduto de Madureira oferece aulões de dança. Seja pra curtir o baile com os amigos ou pra aprender a dançar, fique de olho nas redes sociais https://www.instagram.com/baileblackbom/ e https://www.instagram.com/viadutomadureira/.

 

Rita Fernandes é jornalista, escritora e pesquisadora de música, cultura e carnaval.

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