Parabéns Jacarepaguá pelos seus 427 anos!
A Zona Oeste está em festa com o aniversário de Jacarepaguá
A grande região de Jacarepaguá, que compõe parte significativa da Zona Oeste, está em festa. Este bairro que já foi uma das maiores, mais antigas e importantes freguesias do Rio de Janeiro comemorou seu aniversário no último dia 9 de setembro.
Na planície situada entre parte dos maciços da Tijuca e da Pedra Branca, suas antigas terras estão divididas entre os atuais bairros do Tanque, Taquara, Pechincha, Praça Seca, Freguesia, Anil, Camorim, Gardênia Azul, Cidade de Deus, Curicica e o próprio Jacarepaguá.
Sua história certamente tem muito mais do que 427 anos. Bem antes da ocupação portuguesa as lagoas que banham essa baixada já eram reconhecidas pelos povos nativos através do nome de Jacarepaguá, que vem do Tupi-Guarani e significa “lagoa rasa dos jacarés”.
Com a intensificação colonial, principalmente a partir da fundação da cidade, em 1565, surgiram as primeiras rotas de integração comercial, religiosa e para proteção, feitas pelos jesuítas. Assim começaram as ocupações nos entornos dos largos da Freguesia, do Tanque e da Praça Seca.
A administração religiosa teve grande importância em toda cidade, chegaram a existir vinte e uma freguesias eclesiásticas no Rio. Deste modo também surgiu, em seis de março de 1661, a Freguesia de Nossa Senhora do Loreto e Santo Antônio de Jacarepaguá, criada pelo então governador João Correa de Sá. Suas terras foram formadas devido o desmembramento de parte da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá. Sua maior fragmentação territorial só aconteceria após o século XVIII, a partir da venda de áreas que pertenceram ao Barão da Taquara.
Desde 2005 o aniversário de Jacarepaguá foi incorporado oficialmente ao calendário de eventos e datas comemorativas da cidade, segundo a Lei Municipal Nº 4001. A importância arquitetônica da região também é muito relevante, com destaque para as capelas de São Gonçalo de Amarante e Nossa Senhora da Cabeça, as Igrejas do Loreto e da Penna e o Núcleo Histórico Rodrigues Caldas (Colônia Juliano Moreira).
Para conhecer mais sobre a história de região convidamos um membro do Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá, (IHBAJA), o professor Val Costa. Eles nos contou ainda mais curiosidades.
A Igreja de Nossa Senhora do Loreto foi a sede inicial da Freguesia de Jacarepaguá, construída a partir de uma capela erguida na Fazenda do Capitão Rodrigo da Veiga. Edificada, originalmente, pelo padre Manoel de Araújo, em 1664.
Tempos depois, o antigo templo acabou em ruínas e, através da mobilização dos fiéis, foi erguida uma nova igreja, em 1747, toda em estilo barroco. Em 1960, o altar-mor foi restaurado e as talhas foram pintadas de branco e dourado. Por sediar a Matriz da Freguesia de Jacarepaguá, a região do entorno da igreja passou a ser chamada de “Freguesia”, constituindo atualmente um dos principais bairros da Região Administrativa. Em 1970, o Cardeal D. Jaime de Barros Câmara concedeu a esta igreja o título de Santuário Nacional dos Aeronautas. Em quatorze de agosto de 2001, o templo recebeu o tombamento provisório do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural.
Já a Igreja de Nossa Senhora da Penna que fica no topo da Pedra do Galo, um penhasco de 160 metros localizado no bairro da Freguesia, foi fundada pelo padre Manuel de Araújo. A sua criação remete a história de um escravo que perdeu uma vaca de um senhor de engenho do local, com medo de ser açoitado, evocou a mãe de Jesus para que o ajudasse a localizar o animal. Inexplicavelmente um raio de luz projetou-se do cume da Pedra do Galo indicando onde estava o gado perdido. O senhor de engenho, após observar o ocorrido, alforriou o cativo e mandou construir uma pequena capela no topo do penhasco, em 1661. Três anos depois o padre Manuel erigiu no mesmo local uma outra ermida. Apenas em 1750 foi edificada a atual igreja de Nossa Senhora da Penna, tombada pelo IHPAN desde 1938.
Um pouco mais sobre a história da baixada de Jacarepaguá
Entre 1555 e 1567, a região da Baía de Guanabara foi palco de vários conflitos entre portugueses e franceses. Durante essa disputa foi fundada, no dia primeiro de março de 1565, entre o Pão de Açúcar o morro da Urca, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Estácio de Sá, seu fundador, morreu em decorrência de uma flechada no rosto, no dia vinte de fevereiro de 1567. Substitui-o no governo da capitania seu primo, Salvador Correia de Sá. Nesse mesmo ano, o governador doou sesmarias na planície costeira compreendida entre o Maciço da Tijuca, o Maciço da Pedra Branca e o mar para dois auxiliares administrativos: Jerônimo Fernandes e Julião Rangel.
Em nove de setembro de 1594, os filhos de Salvador Correia de Sá, Martim Correia de Sá e Gonçalo Correia de Sá, solicitaram ao seu pai as terras da Baixada de Jacarepaguá, alegando que os sesmeiros originais não desenvolveram nenhuma atividade econômica nelas. Segundo as Leis de Sesmarias, terras que não eram cultivadas durante o prazo de 30 anos voltavam às mãos da Coroa Portuguesa. Sob esse argumento, os dois irmãos pediram as terras e tiveram sua solicitação atendida.
A partir desta data, Gonçalo Correia de Sá fundou o Engenho do Camorim, transformando parte da planície costeira de Jacarepaguá em um imenso canavial. Gonçalo doou o Engenho do Camorim para o genro, o espanhol Luís de Céspedes y Xeria, como dote de casamento dele com a sua filha Vitória de Sá. O casal foi viver em Assunção, deixando Gonçalo como administrador das terras até a sua morte, em 1633. Após o falecimento do pai, D. Vitória retornou ao Rio de Janeiro e passou a tocar o engenho até 1667, ano em que morreu. Sem ter herdeiros, D. Vitória deixou o engenho para o Mosteiro de São Bento. Os beneditinos dividiram as terras em três propriedades: Fazenda do Camorim, Fazendo da Vargem Grande e Fazenda da Vargem Pequena. Além do açúcar, os monges, que administraram essas terras por quase 200 anos, também produziram mandioca, milho, feijão e aguardente.
No bairro do Camorim existe um dos raros exemplares da arquitetura religiosa maneirista no Rio de Janeiro: a Igreja de São Gonçalo de Amarante. Ela foi construída em 1625 por Gonçalo Correia de Sá. Esse templo possui apenas uma porta de entrada, bastante rústica, dois sinos de bronze e fachada com as cores azul e branca. Possui também pequenas aberturas em suas espessas paredes, chamadas flecheiras, que tinham o objetivo de evitar possíveis ataques dos povos indígenas. Foi tombado pelo INEPAC, em dois de dezembro de 1965.
As terras que hoje pertencem ao atual Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, anteriormente chamado de Colônia Juliano Moreira, faziam parte do Engenho de Nossa Senhora dos Remédios. Essa propriedade pertenceu ao Engenho do Camorim até 1653, quando foi desmembrada e vendida por Dona Vitória de Sá para os irmãos João e Tome Silva. Em 1664, por ordem dos irmãos Silva, foi construída uma pequena capela no engenho. No mesmo local, em dezenove de outubro de 1862, foi inaugurada a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios. Com projeto do alemão Theodoro Marx, arquiteto oficial do Império, a cerimônia de inauguração teve a presença do Imperador D. Pedro II. O templo é apontado como um dos poucos exemplares, no Rio, da fase neoclássica da arquitetura brasileira. A igreja está protegida pelo INEPAC, desde 1972.
Tudo isso é só uma parte do começo da rica história de Jacarepaguá que está entra as áreas de maior expansão e crescimento urbano da última década. Nela estão importantes equipamentos como o Parque Olímpico, o antigo autódromo, o Centro de Convenções do Rio, o Parque Aquático Maria Lenk, o Aeroporto de Jacarepaguá, entre outros.
Para conhecer ainda mais sobre a história de Jacarepaguá indicamos a live que acontecerá neste domingo, dia 12, às 18:30h.