Rafael Mattoso

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Curiosidades sobre o subúrbio carioca
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Para repensar os subúrbios cariocas

É preciso seguir resistindo sem nunca esquecer de suburbanizar!

Por Rafael Mattoso
17 fev 2020, 10h31
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  •  (Valéria Silva/Arquivo pessoal)

    Quais aspectos, da história e geografia Fluminense, podem ser comuns e ajudam a entender a aproximação entre personalidades como o genial Pixinguinha, a grande Tia Maria do Jongo e o mestre Nei Lopes?

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    Igreja da Penha Rio de Janeiro Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro Foto Coleção Particular Oliveira Reis
    (Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro/Coleção Particular Oliveira Reis/Prefeitura do Rio de Janeiro)

    A proposta aqui é dialogar sobre a importância dos subúrbios, dessa extensa área que com toda sua riqueza e pluralidade histórico-cultural contribui para compor a identidade dos moradores da São Sebastião do Rio de Janeiro.

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    O modo de vida e a paisagem suburbanos são recorrentemente retratadas em canções, clássicos da literatura, novelas e filmes, demonstrando seu destaque na produção de um imaginário coletivo e nas formas de sociabilidade carioca.

    Então você pergunta: o que isso tem a ver com os personagens citados no começo do texto?

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    Repensar a relevância dos subúrbios passa pelo reconhecimento da representatividade de seus moradores, revelando suas particularidades e identificando traços em comum. No caso da indagação inicial, tanto o virtuoso compositor e instrumentista, Alfredo da Rocha Viana Filho, como a fundadora do Império Serrano e matriarca do Jongo da Serrinha, Maria de Lourdes Mendes, e o renomado autor e compositor Nei Braz Lopes, são todos originários dos subúrbios.

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    Personalidades que nasceram, foram criadas e conquistaram notoriedade partindo de espaços considerados arrabaldes ou circunvizinhanças “distantes” da cidade. Arredores onde o flautista de Piedade e Ramos, a jongueira da Serrinha de Madureira e o cantor de Irajá e Seropédica aprenderam a vivenciar, tocar, dançar e cantar suas histórias.

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    Com o tempo, muitas pessoas passaram a morar nesses subúrbios embrionários, principalmente entre o final do século XIX e o início do XX. O crescimento acelerado favoreceu a especulação fundiária, loteando e subdividindo terras que perderam gradativamente suas características rurais, levando ao desmonte dos antigos engenhos e chácaras.

    O Engenho Velho de São Francisco Xavier, criado em 1762, deu lugar aos atuais bairros da Tijuca, Andaraí e Vila Isabel. As terras da igreja de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá, fundada em 1644, em parte originou a Freguesia de São Tiago de Inhaúma, de 1743. Posteriormente vem a Nossa Senhora da Conceição do Engenho Novo, de 1783, de onde surgirá o que hoje conhecemos como Grande Méier.

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    Penha 2018
    (Valéria Silva/Arquivo pessoal)

    Atualmente cerca de 80% da população fluminense está concentrada entre as zonas Norte e Oeste. Estamos falando de um gigante comercial, industrial, turístico e cultural que representa a maioria da população. Dentre os dez bairros mais populosos do país temos cinco representantes suburbanos, com destaque para Campo Grande, Bangu e Santa Cruz, encabeçando a lista, seguidos de perto por Realengo e Tijuca.

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    Outro fenômeno contemporâneo é o surgimento de novos subúrbios, mas que buscam status sociais diferenciados – bairros próximos à Barra da Tijuca e com imóveis mais baratos vêm recebendo procura crescente. Camorim, Vargem Pequena e Recreio dos Bandeirantes aumentaram sua ocupação em mais de 100% na última década.

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    Se a contribuição histórica, econômica e demográfica dos subúrbios é tão relevante, por que ainda aceitamos facilmente uma lógica, senso comum, que teima em nos apresentá-los como espaços sem beleza, quase sempre sem importância?

    Precisamos falar mais sobre o assunto e procurar reconhecer que os subúrbios, mesmo sendo negligenciados ao longo do tempo, foram capazes de produzir múltiplas formas de resistências.

    A necessidade de conhecer melhor, pesquisar e repensar os subúrbios será o foco central dos textos dessa coluna. Procurar demostrar a complexidade suburbana, não só enquanto conceito, mas em suas ricas histórias, manifestações culturais e religiosas é fundamental para entender a cidade em que vivemos.

    Rafael Mattoso historiador formado pela UFRJ, mesma instituição onde deu seguimento aos seus estudos, concluindo o mestrado em História Comparada e atualmente terminando o doutorado pesquisando a História da Cidade e do Urbanismo no Proub, Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura. É também organizador e autor do livro “Diálogos Suburbanos: identidades e lugares na construção da cidade”.

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