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Rafael Mattoso

Por Rafael Mattoso, historiador Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Curiosidades sobre o subúrbio carioca

Histórias e trajetórias musicais cruzadas

Abril, mês do Choro, do carnaval e do aniversário de Paulo César Pinheiro

Por Rafael Mattoso Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 Maio 2022, 12h33 - Publicado em 29 abr 2022, 20h06
Foto do rosto de Paulo César Pinheiro sorrindo
 (Myriam Vilas-Boas/Arquivo pessoal)
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Em abril deste ano de 2022, o destino quis produzir uma daquelas mágicas e singulares conjunturas para nossa cultura. Talvez buscando amenizar a dureza por dois longos anos de pandemia, sem os devidos festejos de Momo, as divindades resolveram nos brindar com a volta do carnaval, remarcado, caindo junto ao Dia Nacional do Choro e também às celebrações de São Jorge.

A força musical do mês de abril é inquestionável, principalmente quando nos deparamos com algumas datas marcantes. Ente elas destacamos o dia 11, comemoração de 99 anos da Portela; dia 13, centenário de Dona Ivone Lara; dia 23, quando o mestre Pixinguinha faria 125 anos; e dia 28 de abril, data em que Paulo César Pinheiro completou seus 73 anos de vida.

Uma curiosidade sobre essas efemérides é constar a existência da intima relação estabelecida entre o Choro e o Samba, gêneros musicais que são patrimônios imateriais fundamentais para nossa brasilidade. O chorinho, como é popularmente conhecido, pode ser considerado o primeiro estilo de música urbana do país, criado ao longo do século XIX, por nomes como Joaquim Antônio Callado, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Pixinguinha, entre tantos outros.

Utilizando instrumentos diversos, que vão do piano ao violão, passando pela flauta, clarinete, cavaquinho, bandolim e pandeiro, seus músicos tornaram-se conhecidos pelo virtuosismo, pela improvisação e refinada técnica de execução, que davam às melodias um aspecto sentimental, emocionalmente afetivo e “choroso”.

É inegável que o desenvolvimento do choro influenciou diretamente o samba carioca, algo que podemos constatar pesquisando na recém-lançada linha do tempo virtual. Belo projeto que o Instituto Casa do Choro acaba de disponibilizar gratuitamente através do site: https://timeline.casadochoro.com.br.

Foto do Trem do Choro com musicos tocando na plataforma da Central do Brasil

(Cris Vicente/Divulgação)
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Abril também marcou a volto o Trem do Choro, organizado pelo Instituto Cultural 100% Suburbano e que acabou de realizar sua nona edição, tudo isso ocorrendo no mesmo ano do centenário da bem sucedida excursão dos Oito Batutas a Paris. Curiosamente, neste mesmo mês também rememoramos as trágicas e prematuras despedidas do musico Raphael Rabello e da cantora Clara Nunes.

O acaso também destinou para abril o casamento de Luciana Rabello com Paulo César Pinheiro, que acabam de completar 37 anos de união e parceria na vida e na música. Lembrando que Luciana é irmã do virtuoso Raphael Rabello, e Paulo foi marido da diva Clara Nunes.

São tantas histórias e trajetórias musicais cruzadas que nos trouxeram até aqui, inusitados acordes da vida, tal como sugere a bela letra “Velhos chorões”, de Paulo Cesar Pinheiro e Luciana Rabello: “O passado caminha ao meu lado / E me ensina a não ter ilusões / Sem desprezar os tempos modernos / Os tempos eternos é que são bons”

Foto do casal Luciana Rabello e Paulo César Pinheiro
Luciana Rabello e Paulo César Pinheiro (Roberto Filho/Divulgação)
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Felizmente tivemos a grande honra de entrevistar Paulo César Pinheiro logo no seu mês de nascimento. Vale destacar que o genial poeta e compositor fez questão de comentar que seu aniversário acontece junto, no mesmo dia, da sua escola do coração, a Verde-rosa Mangueira.

Paulo começou nos dizendo: “Eu vim de Ramos e passei a infância em Jacarepaguá, assim como Pixinguinha. E ainda morei na mesma rua do Candeia. Depois fui para a Mangueira, com 10 anos, e até hoje meu coração está por lá, aos 73 agora”
O mestre nos informou com orgulho que cresceu entre os entornos da Mangueira, circulando pelos morros do Tuiuti, Caixa D’água, Pedregulho e Barreira do Vasco.

“Foi na quadra da Paraíso do Tuiuti que eu me apresentei pela primeira vez, com cerca de 14 anos, cantando uma música autoral, um samba desses cariocas da gema”

O samba sempre esteve na base de sua formação, desde a década de 1960, quando começou a se destacar após vencer a I Bienal do Samba, ao lado de Baden Powell, com com a canção “Lapinha”, defendida por Elis Regina.

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Ao longo da sua brilhante carreira Paulo César Pinheiro teve muitos parceiros, dos quais destacamos Edu Lobo, Toquinho, Maria Bethânia, Mauro Duarte, João Nogueira, Guinga, Cláudio Jorge, e até Pixinguinha e Dona Ivone Lara, nomes que ele próprio fez questão de enfatizar. Suas letras fizeram sucesso na voz grandes nomes do panorama brasileiro, como Elis Regina, Elizabeth Cardoso, MPB-4, Simone, Alcione e, principalmente, Clara Nunes.

Aproveitamos para perguntar dos sucessos eternizados na voz de Clara, que esse ano completaria oito décadas de vida. Músicas como “Canto das Três Raças” e “Portela na Avenida” se tornaram verdadeiros hinos.

Sobre a história de “Portela na Avenida”, que completou quarenta anos, desde o carnaval de 1982, quando foi abraçada pelo publico Paulo nos contou: “Clara pediu pata eu fazer um música em homenagem à Portela, nos anos 80, minha inspiração veio através de símbolos do próprio altar da Clara em nossa casa. Fiz um diálogo entre o sagrado e o profano, onde a imagem de Nossa Senhora Aparecida, uma santa negra, teve seu seu manto azul e branco convertido nas cores da Portela. E até o Espírito Santo virou uma analogia à águia portelense.”

Junto com Mauro Duarte, que era da ala de compositores da Portela, fizeram uma obra que deu química, magia que resultou em uma das mais belas homenagens à escola quase centenária de Oswaldo Cruz.

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vida longa à música brasileira e ao nosso poeta Paulo César Pinheiro!

Foto de Paulo César Pinheiro no palco
(Myriam Vilas-Boas/Arquivo pessoal)
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