Boas notícias proliferam em tempos de coronavírus
Paradoxo à vista: pandemia de Covid-19 fez os jornais ficarem repletos de notícias positivas. E elas têm seu papel nesta crise
Quem não se emocionou com o vídeo da senhora de 94 anos, aplaudida de pé, ao vencer o Covid-19? Ela teve alta após passar dez dias na UTI do Hospital do Fundão. Revigorou nosso ânimo. A boa notícia é um fio de esperança em meio à tragédia.
Mas o noticiário positivo pode ser – e tem sido – muito mais do que um alento. Quando criei o Rio de Boas Notícias, que publica há quase dois anos, todos os dias, histórias inspiradoras ocorridas na cidade, a proposta era levar aos cariocas boas ideias que pudessem ser enaltecidas e replicadas pelo Rio.
Uma grata surpresa nesta pandemia, se é que podemos dizer isso, foi ver a explosão de boas notícias na mídia e a confirmação do que acreditava: se expostas a boas ideias, as pessoas estão dispostas a ser solidárias e a colaborar.
Um bilhete foi deixado no elevador de um prédio oferecendo ajuda para que idosos, grupo de risco, não precisassem ir às ruas fazer compras. A foto viralizou nas mídias sociais e, em seguida, bilhetinhos semelhantes proliferaram em vários prédios.
A TV mostrou uma notícia triste: moradores de rua não tinham água limpa e muito menos sabonete para lavar suas mãos. Alguém pendurou em um muro duas garrafas, uma com água e outra com sabão, para quem precisasse usar. Uma gota em meio ao oceano necessário, né? Logo, logo várias garrafas foram espalhadas pelos bairros do Rio.
Com o isolamento, muita gente ficou sem dinheiro até para se alimentar. O dono de uma padaria colocou do lado de fora um cesto com pães grátis para quem não pudesse comprar. E vieram outras cestas de pães e também mesas com mantimentos na porta de mercados, doados pelo estabelecimento, por clientes e por moradores das redondezas.
São apenas três exemplos de gestos simples e de curto alcance, mas que ganharam visibilidade e se multiplicaram, tornando melhor a vida de muita gente. Me faz lembrar uma famosa frase atribuída ao escritor Eduardo Galeano: “muitas pessoas pequenas, em lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, podem mudar o mundo”. Eu só acrescentaria, pra dar um impulso: que estes gestos virem notícia!
Patrícia Pereira é jornalista e há dois anos criou o Rio de Boas Notícias (www.riodeboasnoticias.com.br). Lá publica diariamente histórias positivas que ocorrem em solo carioca.