Tom na Fazenda é teatro com T maiúsculo
Espetáculo é uma obra prima que nos lembra que a arte feita com intensidade é resistente

Apesar de já ter passado pelo Rio de Janeiro e estar chegando a quase 500 apresentações (sem patrocínio), só consegui assistir a peça Tom na Fazenda agora e vim correndo escrever a respeito, não só pelo impacto com o espetáculo, mas também por saber (infelizmente) que a mesma está em cura temporada.
Ver a plateia lotada em uma terça-feira já é um bom sinal sobre o que estava prestes a assistir. Mas, mesmo com a expectativa alta devido as boas críticas a adaptação brasileira ao texto canadense de Michel Marc Bouchard, pude constatar que temos até o fim do mês um espetáculo que é digno de ser chamado de teatro com T maiúsculo.
Apesar do tema denso – homofobia em relações familiares – Tom na Fazenda consegue ser profundo aliando drama e tensão com algumas doses de humor que arrancar gargalhadas da plateia. Um equilíbrio perfeito graças as brilhantes interpretações de Armando Babaioff, Iano Salomão e Denise Del Vecchio, além da participação curta, mas igualmente bem feita de Camila Nhary.
Mas não só as atuações nos fazem entender tamanho sucesso da peça. O cenário perfeitamente simples ganha vida e densidade com uma iluminação espetacular. O trabalho de Tomás Ribas merece fortes aplausos e pode ser considerado parte fundamental do espetáculo. A direção de Rodrigo Portella também é primorosa e nos oferece um trabalho coreografado ímpar.
Ao fim, o público extasiado se soma em emoção ao quarteto no palco em uma ode ao teatro e ao brilhantismo de uma montagem que nos lembra, assim como fala Babaioff em seus agradecimentos, o quanto o teatro é arte da mais alta qualidade feita ao longo dos séculos com a mesma dedicação. Evoé!
Tom na Fazenda está em cartaz no Teatro Adolpho Bloch, terças e quartas (20h) até o dia 30 de abril. Ingressos a partir de R$ 40.