Tiago Abravanel leva diversidade de Hairspray também para os bastidores
Idealizador da nova montagem fez questão de ter representatividade também na equipe de produção
Quando a nova montagem de Hairspray estrear no dia 04 de julho, no Teatro Riachuelo, o público encontrará uma história sobre diversidade e inclusão que dessa vez ultrapassa o palco e chega aos bastidores, com uma equipe com lugar de fala sobre os temas abordados.
Apesar de ambientada na década de 60, a peça traz temas importantes e urgente até hoje, como bullying, gordofobia, feminisimo, etarismo, lgbtfobia e racismo. A escalação de um ator para fazer a personagem Edna Turnblad fala muito sobre a intenção de levantar debates, mas todo o texto, apesar de ser uma comédia musical, traz apontamentos importantes sobre preconceitos.
Nesta nova montagem, Tiago, que é apaixonado pelo espetáculo desde 2004 e já havia participado da versão brasileira de 2010, com direção de Miguel Falabella, é o idealizador e teve a preocupação de adaptar parte do texto para substituir falas que não cabem mais em 2024.
“Mais que realizar o sonho de viver essa personagem (Tiago interpretará Edna), essa nova montagem me dá a chance de poder trazer à tona todos os temas que este espetáculo traz com tanta leveza, com tanta inteligência e sensibilidade para os dias de hoje”, afirma Tiago Abravanel.
Claudia Elizeu, diretora musical associada, destaca que apesar da peça já ter a preocupação com os temas abordados houve uma evolução: “Na época ficava limitado a alguns dogmas que, por a gente falar muito sobre, já mudaram. Não é que lá atrás era superficial, mas pra época fazia sentido. Hoje temos outros fatos e outras constatações. Acho inteligentíssimo e importante renovar com o contexto atual”.
Ela explica que serão mudanças sutis, mas que fazem diferença: “São palavras que vamos tirar, que descobrimos ao longo desse tempo que fazia mal para algumas pessoas”. Com isso não haverá estranheza do público em geral e até mesmo muitas pessoas não perceberão o que foi alterado, embora os produtores achem necessário a adaptação aos tempos atuais.
Para chegar a esse resultado, sem mudar a estrutura do texto e com a certeza que os principais aspectos seriam levados em consideração, montou-se uma equipe diversa nos bastidores. Abravanel acredita que o trabalho feito de dentro pra fora, com entendimento sobre todos os assuntos abordados, dá sentido a nova montagem: “Que a gente não fale sobre isso só na história mas que a gente possa trabalhar isso internamente”.
Mesmo sabendo que esse movimento interno não necessariamente será notado pelo público, os produtores fizeram questão de pensar como os temas debatidos estão dentro da estrutura da peça. “Ter uma mulher preta na direção musical e outra ao lado da direção, ter um coreografo preto, um figurinista gordo, uma produtora gorda que vivem o que estamos falando, faz com que a gente consiga contar essa história com mais verdade”, finaliza Tiago.