Cobertura dos Jogos Paralímpicos na TV deixou a desejar
Jogos foram escondidos na TV fechada que sequer abriu sinal de transmissão simultâneo em diferentes canais
O Brasil já é uma potência paralímpica consolidada. Especialmente em Paris a delegação nacional quebrou recordes de número de medalhas de conquistas de ouro em uma edição dos Jogos Paralímpicos. Mas nada disso sensibilizou as organizações Globo, que tinha os direitos de transmissão exclusivos de Paris 2024 e fez uma cobertura que deixou a desejar.
Primeiro “escondeu” a Paralimpíada na TV fechada, deixando para a TV Globo apenas um boletim diário curto e matérias nos seus programas jornalísticos. E nem nesses programas o tempo dedicado aos feitos dos atletas brasileiros paralímpicos foi o mesmo quando comparado aos Jogos Olímpicos que aconteceram dias antes, apesar do maior número de medalhas conquistadas.
Anunciada para a transmissão ao vivo na tv aberta, a final do Futebol de Cegos não foi ao ar, já que o Brasil perdeu a semifinal (também mostrada ao vivo). Sequer a disputa do bronze foi mostrada. A Cerimônia de Abertura ganhou um compacto apenas. Tudo isso bem diferente dos Jogos Olímpicos quando a grade foi modificada para mostrar todas as disputas com participação de atletas brasileiros.
E mesmo no SporTV, canal esportivo da empresa, os Jogos ficaram encolhidos em apenas um canal e não o principal. Não foi incomum ver a transmissão sendo dividida entre diferentes modalidades, enquanto em muitos momentos nos outros canais estavam passando programas com debates sobre futebol. Ou seja, sequer havia transmissão de algum evento esportivo relevante.
A dificuldade em mostrar toda a excelente participação da delegação brasileira chegou a criar situações inacreditáveis como VTs de provas sendo mostradas como se fossem ao vivo. E quem quisesse assistir alguma modalidade por completo não conseguiu. Por fim, até mesmo o programa que resumia o dia paralímpico foi bem mais curto que o similar da Olimpíada e sequer chegou a falar sobre todos os atletas brasileiros que competiam diariamente.
A falta de concorrência explica muito do desleixo da Globo com os Jogos Paralímpicos. Segundo a CazéTV, que estreou na cobertura olímpica em Paris 2024, os direitos de transmissão da Paralimpíada não estavam disponíveis.
Não é a primeira vez que a Globo compra um evento esportivo e esconde em sua programação, mas chama a atenção a tentativa (válida) dos profissionais envolvidos na cobertura em falar sobre diversidade de corpos e inclusão. Pena que o exemplo dado pelos diretores ao decidir como seria a cobertura foi na contramão do discurso.
É sabido que ainda não há a mesma cultura por parte do público em acompanhar a Paralimpíada, se comparada aos Jogos Olímpicos. Mas é preciso criar a cultura através da exibição das disputas e o apelo é fácil uma vez que, ao contrário da Olimpíada, temos um número alto de pódios paralímpicos.