Casal relata nas redes sociais agressão no Engenhão
Thaís e Vivian denunciam falta de protocolo para acolhimento de mulheres no estádio
O fim de domingo tinha tudo para ser especial para Thaís Almeida e Vivian Alves, que decidiram assistir ao jogo do Botafogo no Engenhão para celebrar o aniversário de casamento. Mas o início da noite de ontem acabou se transformado numa experiência traumática para o casal que foi agredido por um torcedor e não teve acolhimento adequado no estádio do Botafogo.
Curiosamente ao chegar ao Engenhão, cerca de uma hora antes do início da partida, as duas foram abordadas por uma promotora do projeto #AHoraDelas, que segundo o site do clube tem como objetivo “tornar funcional e efetiva as práticas de segurança e igualdade para o público feminino”. Porém a experiência vivida pelo casal mostrou exatamente o contrário.
“Quando o jogo estava para começar um homem veio e queria ocupar nossos lugares. Um pai de família que estava ao nosso lado falou com ele que não dava para ficar ali, mas não adiantou. Ele insistiu e começaram as agressões verbais e até mesmo a empurrar a gente, levando esse torcedor que estava ao nosso lado a procurar a polícia para nos dar apoio”, explica Thaís.
Para surpresa da Coordenadora de Produtos e Projetos os problemas não encerraram com a chegada dos policiais. Apesar de relatar que o agressor passou a falar mais calmo, a abordagem não garantiu acolhimento e segurança para Thaís e sua esposa. “O policial ao invés de tirar o agressor dali, em tom irônico questionou se os lugares eram marcados (não havia marcação de assentos) e deu como única solução fazermos a denúncia no Jecrim (Juizado Especial Criminal)”, relata.
Destacando que não teve nenhuma policial mulher no procedimento, o casal decidiu não seguir com os dois policiais homens e o agressor para o local naquele momento. “Como eu e minha esposa sendo vítimas vamos junto com o agressor e dois policiais que foram irônicos com a gente?”, questiona Thaís. As duas tentaram fazer a denúncia no término do jogo e novamente não só não se sentiram acolhidas como foram orientadas a fazer o Boletim de Ocorrência online já que o juizado estava fechando. Foi quando decidiram compartilhar o fato nas redes sociais.
“Estou muito abalada com o que aconteceu. Só choro desde ontem. Foram muitas violências ao mesmo tempo e uma abordagem equivocada, sem nenhum apoio feminino. Você se sente sozinha”, finaliza Thais questionando: “Estamos no início do Campeonato Brasileiro. Quantas mulheres vão ter que passar por isso nos estádios e não tem um protocolo de como acolher?”.