Casal gay ajuda no processo de barriga de aluguel
Experiência própria fez entenderem que poderiam ajudar outras pessoas com o mesmo sonho de ter filhos biológicos
O sonho de ter filhos sempre existiu para o casal Gustavo Sotero e Romain Menei. Embora a adoção fosse o caminho imaginado por Romain, pela falta de conhecimento sobre gestação de substituição, seu marido queria filho biológico. A vontade se tornou realidade em 2021 com o nascimento dos gêmeos Matias e Julia nos Estados Unidos.
Executivos de uma multinacional do ramo de beleza, aproveitaram que estava morando a trabalho nos Estados Unidos para fazer o processo conhecido como barriga de aluguel. No Brasil a prática é ilegal, só podendo a barriga solidária, quando não há remuneração e a voluntária precisa ter grau de parentesco até quarto grau com o casal.
E foi justamente a experiência que viveram que os motivou a criar a “We Are Grom”, consultoria que ajuda outras pessoas no processo de barriga de aluguel. “Você não sabe muito a idoneidade das clínicas. O nosso processo não foi fácil e sentimos que muitas vezes se aproveitaram da gente. Você já está com contrato assinado e toda hora surgia uma taxa extra”, lembra Gustavo.
Eles fazem um atendimento personalizado (atendem um número limitado de clientes por ano) para ajudar quem também deseja ter filho biológico através da gravidez de substituição nos Estados Unidos. “Os pais que estão fazendo o processo, que é caro, estão muito vulneráveis aos provedores que fazem isso há muitos anos”, explicou Romain.
A escolha do país inclusive é parte do processo de pesquisa que fizeram para ter os filhos. “Os Estados Unidos é o único país que respeita a questão do direito da mulher, tanto da portadora gestacional quanto da doadora de óvulos. Por isso a gente só trabalha com quem quer fazer o processo lá”, afirma Sotero.
Apesar de ter nascido pensando em casais homoafetivos, o “We Are Grom” atende todo tipo de cliente, inclusive solteiros. “A gente tinha na nossa cabeça que ia ajudar pessoas como a gente, mas nosso primeiro casal de cliente foi hétero. E isso nos surpreendeu”, lembra Menei.
Mesmo assim acabam servindo de espelho para outros casais gays que acompanham a rotina da família através da conta no instagram. Nas redes sociais eles trocam mensagens com os seguidores, tiram dúvidas a respeito da gestação por substituição e da rotina de ser pais, além de trazer a luz debates importantes. “Uma das coisas que queremos é tirar esse culpa de quem opta por esse método. Adotar é incrível, mas não pode ser uma obrigação. Não é por ser gay que você só pode ter filho se adotar. Por que casais héteros podem optar pela barriga de aluguel e a gente não?”, questiona Gustavo.