Arquiteta abre discussão com banheiro agênero na Morar Mais
Espaço assinado por Andréa Silveira leva pra mostra de decoração debate sobre inclusão
Um dos debates mais acalorados das demandas da comunidade LGBTQIA+ chegou a Morar Mais 2023. A mostra de decoração que acontece no Jardim Botânico até o dia 26 de novembro apresenta um banheiro agênero, espaço criado pela arquiteta Andréa Silveira.
“Nossa ideia inicial não era essa, mas ao conhecer o espaço vi que tinha a oportunidade de abrir esse espaço de debate”, explicou a arquiteta. Para a Andréa é obrigação de todos ajustar os espaços para acolher todo mundo.
Sinalizado com os dois gêneros e com um letreiro fixado na parede em neon escrito “Um lugar para todes”, o banheiro agênero da Morar Mais 2023 quer levantar o debate para além das pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIA+. Para isso, Andréa nos contou que usou de alguns truques para aumentar a boa receptividade do projeto: “Colocamos bastante informação no banheiro que chama a atenção como uma maneira de diminuir a tensão inicial que poderia causar”.
Mesmo assim ela faz questão de destacar que o projeto deixa claro a intenção de ser um espaço sem gênero definido. Segundo a arquiteta o espaço tem levantado conversas interessantes entre os frequentadores a respeito do uso de um banheiro compartilhado e afirma que foram poucos casos em que presenciou retorno negativo. “Ainda não é confortável para todo mundo, mas me surpreendi com o retorno positivo”, explica.
Outro ponto importante é que a mostra este ano acontece em um espaço educacional, na Casa Maternal Mello Mattos (Rua Faro 80, Jardim Botânico). Isso torna o debate ainda mais importante já que estamos falando de normalizar o uso de banheiros agêneros e há a possibilidade de apresentar o tema já na formação das crianças.
Banheiros agêneros são fundamentais para pessoas não binárias, que podem misturar comportamentos masculinos e femininos em um só corpo. Por isso o uso do banheiro separado por gênero se torna algo opressor. Ainda, espaços como esse ajudam no debate sobre o uso de banheiro por pessoas trans conforme sua identidade de gênero, embora seja fundamental garantir o acesso das mesmas a banheiros conforme sua identidade de gênero.