Escalação de ator que interpreta filho de Odete Roitman recebe críticas
Influenciadores PCDs usaram as redes sociais para criticar escolha da TV Globo

Mesmo sem ter aparecido muito na novela, a escalação de Guilherme Magon para interpretar o filho de Odete Roitman, que na nova versão de Vale Tudo não morreu, gerou críticas nas redes sociais. Segundo a sinopse, Leonardo teria ficado paraplégico depois do acidente de carro, mas o fato de um ator sem deficiência interpretar o personagem levantou questionamentos.
O ativista anticapacitista Ivan Baron criticou a escolha a afirmou que se trata de “perpetuação de estereótipos, exclusão e zero representatividade”. Ele citou o termo cripface que é usado para descrever quando um personagem PCD é interpretado por um ator sem deficiência.
De nada adianta nada atualizar a trama de #ValeTudo para a sociedade atual e repetir narrativas capacitistas. Escalar um ator SEM deficiência para viver o filho paraplégico de Odete Roittman é “CRIPFACE”. É a perpetuação de estereótipos, exclusão e zero representatividade! pic.twitter.com/oeWoL0gih6
— Ivan Baron 🦯 (@ivanbaron) June 19, 2025
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O ator, cineasta e jornalista Pedro Henrique França fez coro e também destacou que a escolha da TV Globo exclui pessoas com deficiência do mercado de trabalho. “Você está excluindo corpos que já são secularmente excluídos de estarem ali naquele espaço. É muito cruel escalar atores sem deficiência para representar um corpo com deficiência quando essas oportunidades narrativas são tão raras”, destacou para a coluna.
Ele ainda lembra que em outra produção da emissora já há inclusão – Haonê Thinar e Pedro Fernandes fazem parte do elenco de Dona de Mim – e que o texto tem o cuidado de não usar narrativas melodramáticas ou humor capacitista. Pedro comenta ainda que na novela das sete há Carolina Santos, uma colaboradora com deficiência na dramaturgia. “Isso evidencia a importância de pessoas com deficiência não só à frente das câmeras, mas especialmente na dramaturgia e na direção”, completa.
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Para quem não concorda com as críticas da escalação em Vale Tudo, o jornalista lembra que assuntos como Blackface e Transfake já são mais amplamente debatidos e, que por isso, já existe um maior consenso a respeito. “É a mesma razão que se questiona escalar atores brancos para fazerem indígenas ou negros ou pessoas cisgêneras interpretando pessoas trans. As reivindicações sobre o blackface, por exemplo, ganharam mais adesão por que o Brasil é um país de maioria parda e negra. Mas olha quanto tempo foi necessário para ocuparem algum espaço? E ainda é pouco”, comenta.
Por fim afirma que é obrigação que o audiovisual repense suas narrativas sobre diferentes corpos e deem espaço para que pessoas com deficiência possam produzir, dirigir, escrever e atuar: “Somos muitos, somos muito capazes e não nos silenciaremos mais diante de tantos absurdos”.