Literatura: Amor gay transformou Igor Pires em best-seller
Autor que divulgará sua nova obra na Bienal do Livro conversou com exclusividade com a coluna
Você sabe quem foi o autor nacional mais lido em 2020? Se eu te disser que foram histórias de amor gay que alavancaram Igor Pires a este posto ficaria surpreendido? Bom, se você é devorador de literatura e está ligado nas redes sociais talvez não se surpreenda.
Mas, em entrevista exclusiva para a coluna, Igor me contou que ele mesmo nunca imaginava estar neste lugar. Vindo de uma família humilde só foi ter acesso a livros através da biblioteca de uma escola pública. Apesar da paixão instantânea pela literatura nunca colocou expectativas de quem um dia até mesmo publicaria o seu livro.
“Apesar de desde criança perceber que tinha aptidão eu não criava expectativas. Publicar livro no Brasil não é fácil, ainda mais da realidade de onde vim. Eu não achava que era possível”, lembra.
A mudança surgiu baseada em um projeto criado em abril de 2016, no término da faculdade de publicidade, em que publicava nas redes sociais textos de sua autoria e de amigos convidados. A página no Facebook chegou a quase um milhão de seguidores em menos de um ano.
Foi então que em maio de 2017 a Globo Livros entrou em contato. O sucesso estrondoso nas redes sociais abriu as porta para a publicação de seu primeiro livro – Textos Cruéis Demais para Serem Lidos Rapidamente – que teve um número expressivo de vendas e até virou peça com direção de Carlos Jardim.
Na próxima Bienal do Livro ele divulga o seu mais novo lançamento. “Textos para Tocar Cicatrizes”, quinto livro publicado de Igor Pires mostra com sensibilidade que muitas vezes não conseguimos sair
ilesos dos relacionamentos, mas que as cicatrizes reforçam a caminhada e nos fazem mais fortes. Nas páginas o público encontrará sentimentos sobre relações amorosas entre homens, mas que podem ser aplicadas para qualquer relacionamento.
“Desde o primeiro momento dava para perceber que eu escrevia sobre a história de amor entre dois homens, mas com o amadurecimento da minha escrita isso ficou ainda mais claro. Com isso ganhei um público LGBTQIA+ grande, mas todos se identificam com o que escrevo. Todos nós temos o mesmos sentimentos, as mesmas angústias (independente da sexualidade)”, comenta.
Perguntado sobre o que acredita ser a chave do seu sucesso, Igor Pires é categórico: “O que me aproxima do público é a linguagem. Escrevo como eu falo. A poesia e a literatura precisam ter uma linguagem mais acessível”.
Mas escrever inspirado em suas experiências pessoais também conseguiu cativar o público. Para Igor falar com honestidade sobre relações, dos aspectos vitoriosos mas também dos fracassos, gera identificação: “Todo mundo quer amar e ser amado e minhas obras vão para esse lugar”.
É exatamente essa linguagem acessível que levará para o bate-papo que fará na Bienal do Livro, dia 02/09 (13h), que fará ao lado do amigo, escritor e influenciador literário Patrick Torres. “Outro dia tivemos uma conversa em um bar e imaginei que essa será a conversa que levaremos para a Bienal. Um bate- papo leve e descontraído, que fala sobre amor e vida de uma maneira que as pessoas conseguem entender”, explica.