Imagem Blog

Manual de Sobrevivência no século XXI

Por Analice Gigliotti, Elizabeth Carneiro e Sabrina Presman Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Psiquiatria
Continua após publicidade

Coronavírus : decisões em tempo de incerteza

Nossa especialidade em planejar o “depois” subitamente não existe

Por Manual de Sobrevivência no século XXI Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
24 mar 2020, 16h47
A agenda lotada de compromissos precisou ceder diante das incertezas trazidas pelo coronavírus. (Gerd Altmann/Pixabay/Reprodução)
Continua após publicidade

Todo fim de ano é assim: várias decisões tomadas, promessa de mudanças de hábitos e lista de novos projetos. Mas a verdade é que entra ano, sai ano e caímos de novo no modo “piloto automático”. Em dezembro, temos a esperança que janeiro está chegando e não vale a pena começar nada novo. Mas na virada de ano tudo será possível e empurramos nossos planos para depois.

Curioso foi que neste ano, quando janeiro chegou, inúmeros memes e piadas circularam na internet: “Passam 365 dias, mas janeiro não acaba”. O que acontece com a gente? Queríamos muito que o ano começasse, mas quando ele começa, ao invés de colocarmos os planos em prática, adiamos para depois do próximo marco do calendário: o Carnaval. E nos enchemos de planos, metas, objetivos e certezas de tudo que a gente vai colocar em prática… depois do Carnaval.

O Carnaval passou, o ano “começou” e quando é hora de, enfim, dar início ao ano e viver plenamente, nos deparamos com esse tsunami de informações e notícias sobre o coronavírus. E aí a nossa especialidade, planejar o “depois”, subitamente não existe. Todas as certezas que eu tinha do planejamento das férias de julho, de passar o final de semana estudando com meus filhos, de pegar um cineminha, da passagem já comprada para um evento em maio: tudo vira incerteza. A passagem para o evento já foi cancelada e não sei se as férias escolares existirão em julho.

O combinado com meus filhos, de estudar para a prova e depois pegarmos um cinema como recompensa, não aconteceu. E pior: não faço ideia de quando vai acontecer. Faz ou não sentido estudar para a prova? “Sabe o que eu acho, mãe? Que esse ano nem vai existir porque não vai dar tempo de ter aulas suficientes e no ano que vem a gente vai ter que começar do começo”, disse a minha filha.

Acabaram as nossas certezas. Das festas marcadas, da passagem de avião e hotel reservados, daquele evento que você se programou. O aplicativo de agenda no celular, que já tinha todos os meus compromissos das próximas semanas, perdeu o sentido. Somos tão bons em desejar o “depois” que agora perdemos o chão. Por quê?

Continua após a publicidade

É contraditório e curioso. Nunca tivemos tanta informação. Não há outro assunto, da hora que acordamos até a hora que dormimos: na televisão, nas redes sociais, nos grupos de Whatsapp infestados de teorias, nos artigos médico-científicos liberados pelas publicações. Faria muito sentido que tanta informação nos desse alguma sensação de certeza. No entanto, podemos devorar artigos, ver todos os vídeos e áudios que nos enviam, conversar com a vizinha sobre o assunto, mas o fato é que, nesse caso, o excesso de informação não diminuiu em nada a insegurança. Ao contrário, transforma o óbvio em incerto. E, sem a habitual luz no fim do túnel, não temos como pensar o que faremos depois da Páscoa, o próximo evento do calendário coletivo.

Como seguir em frente? Como tomar decisões em tempos de incerteza? De tudo que sabemos, nada nos assegura uma rotina que organize o cérebro em etapas. Como tomar qualquer decisão sem essa métrica que nos serve de bengala? A pergunta que tem dominado alguns é: quando vamos começar a viver 2020?

Pois então, prepare-se! Benvindos a 2020, onde a angústia e a incerteza do hoje, geralmente maquiados pelo pensamento mágico do amanhã, se materializaram de forma concreta no tempo presente. Finalmente assumimos que não sabemos como será o hoje.

Continua após a publicidade

Agora sim: o ano começou e já me ensinou uma lição preciosa que até então eu achava  um clichê banal: não deixe para depois o que você pode viver hoje. O que aconteceu comigo? Aprendizado. Temos que saber priorizar, decidir o que é importante hoje e o que realmente pode ficar para amanhã, caso amanhã seja possível…

Não comemorei meu aniversário em 2020 porque achei que depois eu teria tempo de organizar melhor e sabe o que aconteceu? Agora vou colocar nos planos de 2021.

Sabrina Presman é psicóloga, mãe de dois filhos, especialista em Psicoterapia Breve. Divide seu tempo entre o cuidado com paciente, a gestão de saúde e desenvolvimento de liderança e educação dos filhos através da Psicologia Positiva. É diretora da Espaço Clif e vice-presidente da Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas).

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de Rio de Janeiro

a partir de 35,60/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.