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Manoel Carlos

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Blog do novelista Manoel Carlos

Cherchez la femme!

Expressão francesa, cuja tradução literal é “procure a mulher”. Segundo a Wikipedia, foi usada pela primeira vez num romance de Alexandre Dumas (pai), para afirmar que ela, a mulher, está na raiz de tudo. Desde então é muito usada nas histórias policiais. Diante de um crime aparentemente sem autoria, o detetive ordena “Cherchez la femme!”, […]

Por fernanda
Atualizado em 25 fev 2017, 18h11 - Publicado em 28 mar 2015, 01h00
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Expressão francesa, cuja tradução literal é “procure a mulher”. Segundo a Wikipedia, foi usada pela primeira vez num romance de Alexandre Dumas (pai), para afirmar que ela, a mulher, está na raiz de tudo. Desde então é muito usada nas histórias policiais. Diante de um crime aparentemente sem autoria, o detetive ordena “Cherchez la femme!”, com a convicção de que esse é o caminho certo e infalível para encontrar o culpado.

Não raro, o caminho está certo.

Foi por aí que enveredamos na tarde da última terça-feira, a turma toda ali, palpitando de um lado e de outro, até que eu proclamei com ardor juvenil:

— Sem a mulher não existiriam os poetas! Só isso já bastaria para consagrar o gênero feminino!

-— Nem os poetas, nem as fofocas! — bradou Gabriel.

— E o que seria do amor?

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— E das guerras?

E Carla, resumindo enfaticamente:

— Sem a mulher nada existiria! A começar pela vida!

E ergueu a taça, qual Quixote de saias brandindo a lança.

Não apenas para saudar as mulheres, mas também o aniversário do marido, de quem quase se separou para sempre há poucas semanas. Digo para sempre porque nesse casamento turbulento muitas foram as crises e as separações provisórias. Ela não fazia segredo:

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— A primeira vez que eu pensei em me separar do Gabriel  foi na nossa lua de mel!

— Ei, calma lá. Falando assim, dá a impressão de que eu fui incompetente na própria noite de núpcias!

Rimos, claro, porque esse diálogo entre marido e mulher foi a aragem que refrescou nossos corações, entristecidos naquela tarde com a notícia da queda do jato nos Alpes franceses. Por isso, continuamos com as amenidades:

— Feliz aniversário!

— Aniversário! — exclamou Gabriel, com desgosto.

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— É contra aniversários?

— Contra a repetição. Todos os anos a mesma coisa.

O Natal, o Ano-Novo, o Carnaval, a Páscoa…

— E o BBB — exclamou alguém.

— E o BBB — repetiu o aniversariante.

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— Você queria o quê?

— Que essas datas mudassem de vez em quando. O Natal seria em junho, por exemplo, no lugar das festas juninas, que eu sempre achei uma chatice com seus fogos barulhentos e balões incendiários.

— Não gostou nunca? Nem quando era criança?

— Nem!

— O Gabriel nasceu velho — garantiu Carla.

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— E que o aniversário fosse uma festa móvel, em cada ano caísse num mês!

— E que, de preferência, envelhecêssemos de dois em dois anos, não é?

— É uma ideia!

E, assim, íamos encerrando o papo no Café Severino.

— Pra casa todo mundo, que a noite está chegando.

— Ainda bem — suspirou o resmungão. — Já não aguentava o horário de verão. Janta-se com a luz do dia, levanta-se com o céu ainda estrelado!

Nesse momento, ouvimos um coro meio desafinado entoando Parabéns pra Você. E um bolo, com uma vela acesa, surgiu nas mãos de alguém.

— Ah, bolo com velinha e Parabéns pra Você. Isso já é repetição demais! De quem foi a ideia?

Eu entreguei:

— Cherchez la femme!

Todos olharam na mesma direção. Carla sorriu, abraçou
e beijou o marido, sob o nosso aplauso.

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